Passo Fundo poderá absorver demanda de outras regiões

Com redução nos atendimentos, Uruguaiana e outros três municípios solicitaram transferência de pacientes da cardiologia para as instituições de Passo Fundo

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A 6ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) está em contato com os hospitais de Clínicas e São Vicente de Paulo para absorver demanda de pacientes, na área da cardiologia, de quatro municípios que eram atendidos por outras regionais. A informação foi confirmada pelo titular da pasta, Vanderlei do Amaral, e pelo superintendente executivo do HSVP, Ilário De David. A situação é consequência da crise financeira que restringiu o atendimento em mais de 30 instituições hospitalares no Estado, entre elas a Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, na fronteira. Essa demanda seria reencaminhada Rio Grande, mas os municípios solicitaram atendimento em Passo Fundo, conforme a 6ª CRS. Porém, nada ficou acertado, já que os hospitais do município ainda não responderam se podem absorver esses novos pacientes.


O drama na área da saúde está ligado aos atrasos nos repasses de recursos da Secretaria de Saúde e do IPE Saúde. A Federação das Santas Casas do RS estimam mais de R$ 850 milhões de passivo ao total. Com o fim do ano se aproximando, a alternativa encontrada é recorrer a empréstimos para quitar o 13º salário, a folha de pagamento e as férias. Em Marau, o Hospital Cristo Redentor estuda essa possibilidade. A primeira parcela foi paga graças a doações da comunidade, como os leilões beneficentes, conforme o diretor administrativo Marcelo Borghetti.
Se uma parcela da dívida vier até a segunda quinzena de dezembro, segundo prometido pela Secretaria da Fazenda nesta semana, será um breve alívio. Porém, se os valores não forem repassados até o início de janeiro, a direção do HCR deverá reestruturar o atendimento, reduzindo cirurgias eletivas e demais procedimentos que não são de urgência e emergência. O estado deve R$ 654 mil ao hospital. Já o Ipe Saúde deve R$ 95 mil.

 

HSVP tem R$ 20 milhões para receber
O Superintendente do Hospital São Vicente de Paulo, Ilário de David fala da situação da instituição diante do recorrente atraso no pagamento dos valores que o Estado deve repassar à saúde. Esta situação foi agravada porque, também, o IPE passou a atrrasar o repasse.


ON - Qual o valor total da dívida do estado com o HSVP? O IPE também tem repasses em atraso com o hospital?
Ilário De David - Os valores pendentes de serviços prestados ao estado, para a população do SUS e IPE é de aproximadamente R$ 20 milhões.


ON – A Secretaria da Fazenda se comprometeu em repassar R$ 80 milhões aos hospitais. Há informações do quanto será repassado ao HSVP? Como esse atraso afeta a instituição?
Ilário De David - Existe uma previsão de que seja feito nesta quinta-feira/sexta-feira, um depósito de R$ 4 milhões referente ao IPE. O setor de saúde como um todo vivencia uma situação de crise, em função de falta de pagamentos e investimentos. Há alguns anos já estamos vivenciando a falta de repasses e atrasos nos pagamentos, principalmente em finais de ano. Para os hospitais filantrópicos os atrasos nos repasses resultam em diminuição dos atendimentos, greves, necessidade de busca de financiamentos junto a bancos, principalmente neste mês, tendo em vista a folha de pagamento de dezembro e 13º salário dos funcionários.


ON - Há possibilidade de redução do atendimento em algum setor, em decorrência dos atrasos no repasse de recursos?
Ilário - O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, em um primeiro momento, não tem planos de reduzir atendimentos, pois acredita que haverá bom senso por parte do estado em agilizar os pagamentos no decorrer deste mês de dezembro, para que, hospital possa cumprir com seus compromissos e não causar prejuízos à população. Passo Fundo, por ser referência para uma população de mais de dois milhões de habitantes continuará sendo pressionado para receber pacientes de outras regiões do estado que também se encontram em dificuldade, principalmente em algumas especialidades médicas.

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