Apace atende apenas 1,6% da população deficiente

Entidade é o ponto de partida que prepara essas pessoas para caminhar com as próprias pernas em sua vida cotidiana, mas passa por dificuldades

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No auge dos seus 17 anos de idade, Fábio Flores perdeu a visão por conta de um descolamento de retina. O mundo perdeu a imagem e as cores, assim gerando novos conflitos. Conflitos dele consigo mesmo, dificuldades com sua auto-aceitação, o medo de levar uma vida completamente dependente de outra pessoa foram pensamentos muito presentes na vida de Fábio. Depois de um ano e meio tudo começou a mudar, ao conhecer a professora Loreni Lucas de quem fala com tanto carinho. Fábio começou a aprender a leitura em braile, então pode retornar a escola e concluir seus estudos. Segundo ele, a presença de amigos e pessoas próximas foi um fator determinante para sua auto-aceitação. Depois de momentos difíceis e de auto depreciação, ele recebeu os incentivos que faltavam para começar a resignificar o que estava vivendo. “A vida não acabou, ela só começou de uma forma diferente e você pode com suas próprias mãos e pernas alcançar seus sonhos, você tem potencial para estar na sociedade”, afirma.


Fábio é um dos quase dois mil deficientes visuais de Passo Fundo, que ontem tiveram uma data especial. O dia 13 de dezembro é comemorado o dia nacional da pessoa com deficiência visual. O marco da data foi criado em 1961 pelo presidente da república Jânio Quadros com o intuito de homenagear José Álvares de Azevedo, que foi o responsável por introduzir a leitura em braile no Brasil. O dia também é conhecido por ser o dia de Santa Luzia, a protetora da visão. Ele também presidente a Apace, entidade que, emm Passo Fundo, existe há 19 anos e desempenha um trabalho indispensável com os portadores de deficiência visual, porém algumas dificuldades apareceram nesse caminho.

 

A Apace proporciona a convivência das pessoas com deficiência visual, permitindo uma interação e a criação de empatia entre eles. Assim encontram o apoio necessário para lidar com toda a situação e que muitas vezes não é encontrado em sua casa. “As vezes a pessoa procura um apoio em casa mas os familiares começam como se a gente não pudesse fazer nada e isso acaba te deixando pra baixo também”, menciona. Segundo Fábio, 2 mil pessoas são portadores de deficiência visual em Passo Fundo e a associação é o ponto de partida que prepara essas pessoas para caminhar com as próprias pernas em sua vida cotidiana.

 

O trabalho da APACE é muito importante para a comunidade passo-fundense. A entidade desenvolve atividades desde a estimulação precoce com bebês de 0 a 3 anos até atividades com pessoas idosas. São realizados trabalhos de psicomotricidade, leitura em braile, auto-aceitação, questões psicológicas, reforço escolar, atividades de esporte e lazer, fisioterapia, entre outros. Apesar da grande importância, o local sofre com algumas dificuldades encontradas em seu caminho. Principalmente a falta de recursos advindos do poder público para o pagamento de profissionais atuantes nas atividades. A entidade fez vários trabalhos para captação de recursos mas ainda não foi suficiente para suprir suas necessidades. Lembrando que além de membros com perda total de visão, a associação também realiza trabalhos com pessoas com problemas de baixa visão.

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