Música, canto e melodias têm sobre nós poderes e reações que muitas vezes não sabemos explicar. Um dia ruim, pode melhorar com um som que gostamos. Uma música faz nossa imaginação transcender. Notas, sons e letras que tem o poder de curar. No Instituto do Câncer Hospital São Vicente, do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, pacientes que realizavam quimioterapia foram surpreendidos por sons diferentes na Unidade. No lugar do silêncio e bip de aparelhos, o tinido da gaita. A manhã da quarta-feira, 19 de dezembro, foi de alegria, música e de esquecer problemas e dores.
No comando das notas, o músico Ari Silvestre Baschera que trouxe no repertório músicas natalinas, gauchescas e grandes clássicos. Ari estava acompanhado da fonoaudióloga do HSVP Fanciele Pereira Simor, que cantou com Ari. Aos poucos os pacientes foram se soltando e o sorriso se espalhou por todos os rostos daquela sala. Os pés batiam no chão conforme o ritmo da música, teve quem cantou junto e quem também arriscou alguns passos de dança. Se não olhássemos para soros e aparelhos, aquele nem de longe parecia um ambiente hospitalar. “Sou paciente aqui há um ano. Trato um câncer de fígado e intestino. Eu sei como é estar sentando naquela cadeira, por isso, eu quis cantar. Precisamos encarar o tratamento com fé, com seriedade e com alegria. O tempo demora para passar quando estamos sentados ali, e com a música, a descontração, o tratamento se torna algo mais leve”, afirma Ari, evidenciando ainda o apoio da família, o carinho da equipe e confiança na medicina. “Deus dá a cruz conforme podemos carregar. Por isso, quem passa por esse tratamento tem que ter fé e acreditar que vai dar tudo certo”.
A ação organizada em conjunto com a equipe do Instituto do Câncer faz parte da programação de Natal, que visa humanizar e proporcionar um momento de alegria aos pacientes. Conforme a enfermeira Vivian Dal Maso Susin essas pequenas ações tornam o ambiente mais leve e dão ânimo aos pacientes. “Muitos não tiveram um ano bom, descobriram a doença, estão em tratamento, então isso, é para amenizar um pouco tudo isso. Além disso, eles veem o Ari que também é paciente e encontram força, esperança porque ele continua fazendo o que gosta, está bem”, evidenciou Vivian.
Teve quem, além de cantar junto, pediu música e dançou entre as cadeiras de quimioterapia. “Estou praticamente recuperado e desde a notícia de que tinha um câncer no intestino encarei com muita força e alegria. Quando cheguei aqui pela primeira vez, tudo estava quieto, em silêncio e eu já brinquei com todos e comecei a fazer barulho. A música, conversas, são importantes para nos mantermos positivos”, relatou Vicente Basso, de Vacaria. Sua filha, Sandra Basso, também elogiou a iniciativa e agradeceu o atendimento de toda a equipe.
Em frente a Ari e Francieli, Mara Regina Grave, não levantou para dançar, mas o pé batia conforme a melodia e a letra das músicas estava na ponta da língua. “Sou de uma família de músicos então isso aqui, para mim é fantástico, tinha que ter o ano todo! Nessa época ficamos mais sensíveis então é ótimo essa animação, alegria”, comentou a paciente que há um ano faz tratamento, dando ainda, forças para outras pessoas. “Eu enfrento com coragem, com alegria porque tem que ser assim. A equipe atende com muito carinho e isso é 50% do tratamento. O restante é a nossa força de vontade e cabeça boa”. Mara, Vicente e tantos outros pacientes que estavam fazendo tratamento viram uma manhã passar voando. Não sentiram a dor da picada da agulha, não perceberam as enfermeiras trocando medicamentos, o “show do Ari” fez mais que alegrar, ele fortificou e como tratamento, fez cessar as dores.