Essas festas
O final de ano é aquele período de alguns dias quando o gráfico das emoções oscila entre os seus limites. Ou melhor, dos nossos limites. Vai dos encantos às chatices. Como ocorre em todos os anos, com o passar dos próprios vai ficando repetitivo. Não estou ranzinza e nem perdi a sensibilidade da convivência social. É apenas uma espiada com olhar crítico, pois, pela correria, fim de ano parece o fim do mundo. O ridículo do ser humano surge em alguns comportamentos coletivos, quando todos fazem as mesmas coisas. Algumas são maravilhosas, como as mesas fartas, singelas ou sofisticadas, montadas com muito carinho pelas mãos hábeis das mães e avós. O Natal carrega a mística das vibrações e compartilhamos a felicidade. Alguns surpreendem quando, quase num passe de mágica, ficam bonzinhos e por breves instantes até enxergam a igualdade nos semelhantes. Já o Ano-Novo traz uma conotação contábil em nossas vidas. Eu, por exemplo, há mais de 50 anos prometo que vou parar de beber no réveillon. Mas aí chega o momento dos brindes. Abraços, sensibilidade à flor da pele, olhos contendo lágrimas, mais um brinde, mais um golinho e sigo bebendo por mais 365 dias. Então, champanhe (com a permissão dos franceses) na taça e vamos brindar. Que sejamos todos felizes e saudáveis para sobrevivermos a muitos finais de ano.
Alegrias e tristezas
Além da alegria do departamento hidráulico, Natal e Réveillon têm tudo a ver com a interação dos humanos. São festas que atiçam as comunicações. Um beijo, um abraço, um aperto de mão e recebemos mais votos do que a maioria dos candidatos obtém nas urnas. Há muitos anos, era praxe enviar cartões de boas festas pelos Correios. Logo chegavam por e-mail e agora entopem as redes sociais. Algumas surpreendem, outras emocionam. Assim, com a sensibilidade aguçada, chegamos às festas com o imaginário em busca de ausências. Nesta época, passam pela nossa janelinha do tempo as alegrias e as tristezas. A saudade também entra na festa. Mas em clima de comemoração não há espaço para as lamentações, que, rapidamente, são abafadas pelos sorrisos.
Voando a jato
Cabral aportou por aqui, numa espécie de alternativa para quem seguia à Índia. Foi na Páscoa, mas no pacote colonizador do cristianismo também desembarcou o Natal. Até parece que foi ontem, pois o costume que veio do Hemisfério Norte permanece praticamente inalterado há 518 anos. Ainda enfeitamos as árvores natalinas com algodão ou isopor para representar a neve. Isso numa temperatura de 30º C. Positivos! Quem mais sofre é Papai Noel, que vem de botas e luvas, além das renas que saem do Polo Norte para enfrentar o calor tropical. E não surge nenhuma voz para defender o bom velhinho e os maltratados cervídeos. Mas, a bem da verdade, já houve épocas melhores. Foi nos bons tempos do “Papai Noel voando a jato pelo céu”. Sim, pela Varig, Varig, Varig. Impossível não lembrar a Varig nesta época do ano.
Otimismo
Que todos tenham um excelente final de ano. E nos próximos também.
Trilha sonora
Apesar dos pesares, será um novo ano e, tomara, sem penares. Então, para o pensar de todos os pensares, Louis Armstrong - What a Wonderful World
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