OPINIÃO

Cruzada contra fantasma

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Ao tomar posse, no Congresso Nacional, o presidente Bolsonaro desfilou pleno sobre tapete vermelho. Depois de tomar assento expôs toda sua ira contra a cor vermelha simbolizando enfática aversão ao perigo socialista. Retornou ao palanque em ritual severo, como se entronizasse novamente as cores verde e amarelo, predominantes em nossa bandeira. Deu a guinada brusca mirando símbolos nas cores e adotou como inimigo o fantasma rubente do comunismo. E fez daquele tapete o escabelo de suas falas. Na ausência de argumento mais claro para resolver caos da fome e desemprego firmou sua miragem no fantasma recriando inimigo que sequer existe. Essa vinculação imaginária é o grande mote de um sintoma de contradições manipuladas. Medidas concretas de socorro às mais graves mazelas do país, certamente restarão cobertas entre os fumos da pólvora e densas cortinas de fumaça toldando opinião pública. A tônica do presidente foi a declaração oficial de uma cruzada contra fantasma.

 

Controles
O autocontrole das políticas de governo pelos próprios ministérios entre si faz parte de plataforma moderna de gestão. O controle de gastos é exemplo disso. A controladoria financeira tem estrutura própria para crivar despesas ordenadas pelos ministérios. É o feedback necessário. Por isso é preocupante a desvinculação da demarcação de terras indígenas da FUNAI, os quilombolas, meio ambiente e até a extinção do Ministério do Trabalho. Vincular essas a setores como o Ministério da Agricultura, francamente de franca hegemonia dos grandes proprietários é eliminar versões saudáveis ao contexto de sustentabilidade pelo confronto natural de interesses. Do jeito que se apresenta no discurso conservador, criminalizando movimentos preservacionistas ou lutas históricas de política fundiária é preocupante. Nenhuma palavra foi dita contra a violência que atemoriza ocupantes de terras.

 

Reformas
A salvaguarda democrática, no entanto, mesmo com os estigmas imprestáveis apregoados na onda conservadora, é a grande esperança. O espaço para o diálogo pode iniciar com as propostas de reforma, que torna indispensável a participação da oposição. Que tudo isso chegue ao debate sem ódios, o que não é igual à ira da ponderável rebeldia. Parece que os cuidados democráticos no governo Bolsonaro passam a ser a própria compostura cívica. O combate à corrupção vem sustentado, ainda pela efetividade da Polícia Federal e do Ministério Público como instituição. O novo governo deverá comprovar apoio às investigações, com os fatos a partir de agora. A vitória democrática exige outra conquista imediata que é vencer a própria incoerência. Há muito se diz: “bis vincitqui si vincit in victoria (Siro) – vence duas vezes quem se vence na vitória. Isto é, saber respeitar o vencido.

 

Messias
O jornalista Jair Lazzarotto concluiu comentário sobre a necessidade de dialogar com o Parlamento Nacional, citando espirituosamente que Bolsonaro precisará ser, aí, mais Messias.

 

Mínimo
O decreto do novo salário mínimo nacional é de grande austeridade. Ficou em R$ 998,00. É considerado indicativo de aperto em relação aos pobres.

 

Venezuela
Não é proibido, num regime democrático, manifestar apreço pelos Estados Unidos. O cuidado é desvincular o bom relacionamento para o crescimento tecnológico, da instigação ao confronto com nações vizinhas, como é o Brasil em relação à Venezuela que vive momentos tenebrosos. A Rússia, que quer tutelar o governo venezuelano já mandou aviões e se fala numa fábrica de armas naquele país. Não apoiar a ditadura é uma coisa, mas ser usado para pressionar pode ser manipulação de Trump.

 

Direitos Humanos
Há incompreensões, ou polêmica, nas manifestações de alguns defensores dos direitos humanos. Mas não é verdade que sejam defensores dos bandidos. Isso é absurdo. No Rio, por exemplo, os direitos humanos quer combater o crime organizado, inclusive milícias que protegem assassinos.

 

Separação
A cidade precisa dar atenção à finalidade dos containers no recolhimento do lixo. Lixo seco reciclável é no recipiente azul. Material orgânico é no laranja. É preciso mais capricho, e colaboração ambiental, na colocação do lixo doméstico.

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