Se os sons auxiliam mesmo a trazer à tona memórias demomentos marcantes da vida, como se empenham em explicar os neurocientistas, a Eduarda Bueno Moro já tem uma música para recordar da surpresa que ganhou do projeto Desenhando Sorrisos na última sexta-feira (4). “Era uma vez”, da cantora Kell Smith, sempre será símbolo de festa de 15 anos da Duda, como ela é carinhosamente chamada por familiares, amigos e funcionários do Serviço de Oncologia Infantil do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
O projeto de voluntários tem por costume organizar atividades para pacientes com câncer. Em novembro do ano passado, uma festa para seis adolescentes foi organizada por funcionários e parceiros do HSVP. Duda, porém, não havia entrado na comemoração porque não é mais considerada uma paciente. Já faz alguns anos que encerrou o tratamento e agora faz consultas anuais de acompanhamento, em Passo Fundo e em Porto Alegre.
Hoje ela está bem, mas a jornada foi longa. Recebeu diagnóstico de leucemia aos oito anos. Após dois anos de quimioterapia, ela precisou de transplante de medula óssea. Um doador com 90% decompatibilidade foi encontrado, mas os pais, Bernadete da Rosa Bueno e Márcio José Moro, não quiseram arriscar. Decidiram então ter mais um filho, na esperança dele poder ser doador. Assim nasceu o Henrique. Porém, o caçula da família não foi compatível. No fim das contas, a medula veio mesmo deste doador, um francês, e o procedimento cirúrgico foi realizado na Capital gaúcha. “Deu muito certo”, resume Eduarda, sobre o transplante.
Diante dessa trajetória de luta, o grupo de voluntários decidiu que ela merecia uma festa de debutantes. “A gente achou válido fazer a festa por toda essa história que ela teve de vida até agora e por ela sempre ter feito parte das ações do Desenhando Sorrisos. Porque quando a gente começou a trabalhar, ela fazia o tratamento, então ela estava sempre presente com a gente, ela e o irmãozinho”, explicaMelina Rodrigues, idealizadora do projeto Desenhando Sorrisos.
A festa foi em um restaurante da Rua General Osório. A organização foi feita em duas semanas. “Cada um colaborou com alguma coisa, com decoração, bolo. Cada formiguinha carrega uma pedrinha e a gente acaba construindo o evento inteiro”, ressalta a voluntária.
Para que a Duda não desconfiasse de nada, os pais a disseram que iriam comer pizza. As amigas também contribuíram para a surpresa. “Ela ficou furiosa com as amigas porque convidou para irem junto e nenhuma podia”, relembra Melina.
No fim, as amigas estavam lá. “Foi maravilhosa [a festa], eu não esperava. Eu adorei chegar lá e ver as pessoas que eu gosto e que foram muito importantes durante o meu tratamento. Fiquei feliz com a presença do doutor Pablo que como pessoa e médico é um ser humano incrível e trata os pacientes com muita dedicação”, enfatiza Eduarda, que agradece também a família, amigos e voluntários do projeto Desenhando Sorrisos.
A inspiração pelos funcionários do hospital é tamanha que a adolescente, que vai entrar no ensino médio neste ano, já cogita trabalhar na área da saúde. Já pensou em medicina veterinária e em oncologia pediátrica. Mas ainda tem tempo para decidir.
Sobre o projeto
O Desenhando Sorrisos atua desde agosto de 2014 na promoção de atividades especiais para pacientes da oncologia nos hospitais de Passo Fundo. Em 2016, o projeto organizou a primeira festa para pacientes com câncer. Na ocasião, seis princesas foram surpreendidas com a presença do cantor Luan Santana.
