Mudança de cidade e proposta salarial melhor é o que motivam a rotatividade de trabalhadores no setor da construção civil de Passo Fundo. A conclusão faz parte de uma pesquisa realizada pela acadêmica do Curso de Administração da IMED Passo Fundo. No país, o setor é um dos que mais colaboram para o crescimento da economia, no entanto, destaca-se em relação à rotatividade de empregados. A pesquisa teve orientação da professora Giana de Vargas Mores.
A acadêmica Taimara Tedesco embasou o estudo com informações coletadas em 15 entrevistas com gestores e empregados do setor (em duas construtoras), a partir de um roteiro semi-estruturado cedido pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Gestão de Pessoas da IMED Business School. A coleta de dados foi adaptada para o contexto da construção civil, com questões específicas do setor. “Essas entrevistas proporcionaram diferentes percepções sobre a rotatividade no ambiente de trabalho. Entre elas, que a maior parte dos desligamentos que ocorrem nas construtoras é por iniciativa dos empregados”, concluiu.
Para os gestores entrevistados, segundo Taimara, as principais razões que levam os empregados a solicitarem o desligamento são a mudança de cidade e a oferta de um salário superior. Já com relação aos empregados entrevistados, as respostas mais frequentes foram: mudança de cidade, pressão no ambiente de trabalho, conseguir uma melhor oportunidade, insatisfação com as condições oferecidas pela organização. “Em relação aos desligamentos feitos por iniciativa das organizações, os gestores afirmaram que os empregados são desligados pelo comportamento inadequado. Na visão dos empregados entrevistados, os desligamentos involuntários, que ocorrem por decisão das organizações, são motivados pela falta de compromisso e postura profissional dos empregados e falta de produtividade. Referente às principais causas externas à organização que influenciam no desligamento dos empregados, os gestores citaram a paralisação das obras e a ausência de construções para iniciar, devido à condição econômica observada no município”, frisa a acadêmica.
Impactos da rotatividade
Entre os impactos citados pelos entrevistados estão o atraso na entrega da obra e o tempo de adaptação do novo empregado. Já os empregados citaram, além do atraso da obra, a desmotivação, pois dependendo do grau de proximidade com os empregados desligados, os que permanecem irão sentir sua ausência. Sobre os custos da rotatividade, somente os gestores foram questionados. Entre os apontamentos, a paralisação de uma obra, os custos de aprendizagem, a rescisão do contrato e os exames que estão envolvidos na demissão e na contratação de um empregado.
No ano de 2017, um estudo desenvolvido por Camila Sehn, Alessandra Costenaro Maciel e Renan Bitencourt, sobre o turnover na construção civil no município de Passo Fundo, foi constatado um elevado índice de rotatividade no setor. Entre as principais causas encontradas foram: falta de qualificação, escolaridade, remuneração e falta de comprometimento. Por parte dos empregados, as principais razões foram: maiores salários, mudança de cidade, problemas pessoais e problemas financeiros. Já por parte da organização os motivos foram faltas, conflitos, redução de custos e término das atividades. Conforme Taimara, tais achados assemelham-se aos da sua pesquisa. “As diferentes causas que foram encontradas neste estudo são a pressão no ambiente de trabalho, conseguir uma melhor oportunidade, insatisfação com as condições oferecidas pela organização, ausência de construções para iniciar, paralisação das obras e falta de produtividade dos empregados”, destacou a pesquisadora.