Passo Fundo encerrou 2018 com o melhor saldo da balança comercial emquatro anos, com superávit deU$ 698,1 milhões. O indicador não era tal alto desde 2014, quando fechou o ano com U$ 797,1 milhões como resultado das exportações menos o das importações. Em relação a 2017, a variação foi superior a 100%, período em que o valor ficou em U$ 348,1 milhões. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Essa variação positiva foi causada pelo aumento no total de exportações do ano, em especial da comercialização da soja e de seus derivados. Ao total, foram U$ 897 milhões em vendas para outros países. A venda do grão representou 92% desse valor, durante todo ano. Em 2017, foram faturados U$ 294,6 milhões com a comercialização da oleaginosa. Naquele ano, a exportação do produto havia registrado queda de 27% no grão in natura e de quase 70% nos resíduos oriundos da extração.
O aumento no faturamento acompanha o cenário nacional. Já em novembro, aAssociação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) comemorava os números das exportações de soja em grãos, na casa de 80 milhões de toneladas. No início de 2018, a expectativa do setor estava na casa dos 70 milhões de toneladas. Entre os fatores que elevaram a comercialização do produto, de acordo diretor-geral da entidade Sergio Mendes, estão o câmbio favoráveleos bons preços na cotação da commoditie.
Além disso, em 2018, a Argentina teve uma queda de 17 milhões de toneladas na safra do grão. Demanda que foi absorvida pelo Brasil, conforme anunciou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, no momento em as perspectivas do setor para 2019 foram divulgadas pela entidade.
A tendência, porém, não é que esse cenário se mantenha neste ano. Segundo o presidente da AEB, mesmo que o Brasil tenha, em 2019, uma superprodução de soja, a Argentina deverá voltar a produzir, bem como os Estados Unidos, e a tendência é de o preço cair no mercado internacional. A guerra comercial no mercado mundial também deverá afetar as exportações brasileiras. Isto porque a China deixou de comprar soja dos Estados Unidos e passou a comprar do Brasil, adquirindo inclusive o que havia em estoque.
Carnes de frango
Se a soja foi protagonista pela variação positiva no superávit passo-fundense, a exportação de carne de frango despencou no anopassado, totalizando U$ 34,4 milhões. A queda foi de 72,2%, em relação a 2017 (U$124,1 milhões). Entre setembro e novembro não há nem registro de comercialização do produto.
A queda não foi exclusividade de Passo Fundo. Durante 2018, a Polícia Federal expôs uma série de irregularidades envolvendo algumas das maiores empresas de proteína animal no país. A denominada Operação Carne Fraca, deflagrada em março, ganhou o noticiário internacional. Desde então, o mercado internacional olha com desconfiança para os alimentos brasileiros deste setor. A União Europeia (UE) aplicou duras medidas e chegou a suspender a compra do produto brasileiro em 14 países.
Perspectivas para 2019
As exportações brasileiras deverão atingir US$ 220,117 bilhões em 2019.Para as importações, a entidade prevê aumento de 2,1% para o próximo ano, totalizando US$ 186,360 bilhões. A previsão é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O presidente da entidade, José Augusto de Castro, disse que o principal motivo para a queda das exportações será causado pelas commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior), que já sinalizam que as cotações serão menores do que foram neste ano.
Dados da Balança Comercial em Passo Fundo
Ano Exportações Importações Superávit 2013 U$ 1.026.593.193,00 U$ 117.702.088,00 U$ 908.891.105,00 2014 U$ 878.120.282,00 U$ 80.992.130,00 U$ 797.128.152,00 2015 U$ 614.251.511,00 U$ 80.628.689,00 U$ 533.622.822,00 2016 U$ 616.706.913,00 U$ 91.198.368,00 U$ 525.508.545,00 2017 U$ 458.931.705,00 U$ 110.765.204,00 U$ 348.166.501,00 2018 U$ 897.047.368,00 U$ 198.932.787,00 U$ 698.114.581,00