O sangue que corre em nossas veias e nos mantêm vivos, não pode ser fabricado por nenhuma máquina, por isso, quando alguém precisa de uma transfusão é somente a partir do ato solidário da doação de sangue que ela pode acontecer. Os hemocomponentes são usados em diversos casos como cirurgias cardíacas, tratamento de câncer, acidentes e emergências. Segundo a Organização Mundial da Saúde, de 3% a 5% da população mundial devia ser doadora para que os estoques estivessem sempre em dia, mas, atualmente somente 2% da população doa sangue anualmente. Diante desses números e preocupados com os futuros doadores, o Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo, em parceria com o projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo ComSaúde, a Secretaria Municipal de Educação e Academia Passo-Fundense de Letras desenvolveram o projeto “Doadores do Amanhã”.
A iniciativa tem como objetivo sensibilizar futuros jovens doadores sobre a importância da doação de sangue, por meio da educação e profissionalização de educadores das Escolas Municipais de Passo Fundo. Sendo assim, os professores foram qualificados para trabalhar em sala de aula sobre o tema. Além disso, a iniciativa se estendeu aos alunos, pais e funcionários da Rede Municipal de Ensino maximizando a divulgação de informação. Conforme a Hematologista e médica co-criadora do projeto, Cristiane Rodrigues do Araújo, a iniciativa já foi aplicada em quatro escolas e rendeu frutos, o livro “Doadores do Amanhã” lançado na Feira do Livro de Passo Fundo. “Sinto-me honrada e orgulhosa em contribuir para a educação brasileira, como também, para a saúde pública. As atividades realizadas no projeto, contribuirão na formação de futuros médicos e demais profissionais e na conscientização das crianças e jovens sobre a doação de sangue, bem como, na transformação destes como disseminadores de informações relevantes sobre a doação”, evidencia Cristiane, ressaltando que o vereador Saul Spinelli abraçou a ideia do projeto Doadores do Amanhã e lançou um projeto de lei para perpetuar a iniciativa. O projeto foi aprovado em dezembro de 2018 e instituiu, o mês de junho para conscientização sobre a doação de sangue e de medula óssea.
A professora integrante do Projeto de Extensão ComSaúde da UPF Me. Fabiana Beltrame salienta que, o espaço da sala de aula, do conhecimento acadêmico, da extensão, do convívio e ações com a comunidade, refletem o engajamento que professores e alunos tem em congregar a extensão com a prática pontual de mudanças sociais. “Trabalhar a doação de sangue nas escolas municipais, e em qualquer espaço educativo, deve ser uma prática profunda. A saúde da população não precisa estar debruçada nos ombros dos profissionais de saúde apenas, ela deve estar na dinâmica da nossa vida, das nossas crianças, na família e na escola. Doar sangue é um ato de respeito e cuidado com o próximo, porque este pode estar bem perto de nós, e não importa se é da família ou se não conhecemos, o importante é amenizar a espera, a dor, e intensificar a saúde o bem-estar”, enaltece Fabiana, completando ainda que o projeto de lei vem atestar - o conhecimento é a melhor forma de termos uma mudança consistente e a médio/longo prazo. “O Programa de Extensão ComSaúde, da UPF, vem trazer este entrelaçamento de informações, e ações, contribuindo com a possibilidade de ter mais doadores num futuro próximo, unindo a Medicina, o Jornalismo e as Artes Visuais na escola, nas famílias. Fazer parte desta parceria - HSVP, Secretaria de Educação e Academia Passo-Fundense de Letras; é base nesta ação, por isso a importância do diálogo e do desenvolvimento de nossa cidade, para um futuro cheio de saúde”.
Lei respalda e fortalece a campanha
O Projeto Doadores do Amanhã, ganha um respaldo importante quando abraçado pelo Vereador Saul Spinelli, que, junto com o Departamento Jurídico do HSVP, construíram um projeto de Lei, que foi aprovado pela Câmara de Vereadores, no último mês de dezembro. O texto da Lei autoriza o Município de Passo Fundo a “instituir o Programa “Doadores do Amanhã”, mediante a promoção de cursos, seminários, palestras e campanhas especificamente dirigidas à orientação e a conscientização acerca da relevância da doação de sangue e medula óssea”. A Lei reforça a importância de trabalhar o assunto na comunidade e com os jovens pois “quanto mais precoce os estudantes receberem informações e orientações adequadas a respeito da importância do ato de doar, certamente reproduzirão este conceito no seio familiar”.
Conforme o vereador, a Lei de número 100 contempla e consolida todo um debate e um trabalho já realizado pelas instituições envolvidas no projeto e ao determinar um mês do ano para que se discuta a campanha de Doação de Sangue e Medula Óssea, fortalece o projeto e cria uma cultura pela doação na comunidade. O projeto já tem atividades marcadas com professores e nas escolas e onde já foi realizado no ano passado teve excelente receptividade. “Este trabalho feito pelo Serviço de Hemoterapia e Comunicação do Social do Hospital São Vicente, UPF, Academia Passo-Fundense de Letras e Secretaria de Educação mostra a responsabilidade social e comprometimento com a sociedade e pacientes destas entidades”.