O clima quente e úmido do verão propicia o aumento dos casos de acidentes com animais peçonhentos, tanto na zona rural como na urbana. No Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, a Emergência e o Núcleo de Vigilância Epidemiológica registraram o aumento da procura pelos setores. Em 2018 foram registradas 15 notificações de acidentes com abelhas, 61 de aranhas, oito de escorpião, cinco por lacraia, 12 de lagarta e 19 de serpentes. Em 2019, até o momento foram atendidos um acidente com abelha e um com escorpião.
A enfermeira do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ana Cláudia Roman Rós, explica que dentre os 61 casos de acidentes com aranhas, 12 pacientes foram de picada por aranha- marron (Loxoceles) e oito por aranha Foneutra. Conforme Ana, as aranhas peçonhentas de interesse médico no Brasil são representadas pelos gêneros Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva-negra). Outras aranhas bastante comuns no peridomicílio, são as representantes da família Lycosidae (aranha-de-grama, aranha-de-jardim). As caranguejeiras não representam problema de saúde, eventualmente, podem ocasionar picada dolorosa, porém sem repercussão sistêmica.
Em relação aos dados de acidentes com escorpião, a enfermeira alerta que a Secretaria Estadual da Saúde (SES), por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), reforça o alerta sobre a presença do escorpião amarelo, já que, o animal mesmo não sendo nativo do Rio Grande do Sul, passou a ser visualizado no Estado desde 2001. “Os oito casos notificados em 2018 foram por escorpião preto. É preciso ficar alerta pois, os escorpiões podem ser encontrados nos mais variados ambientes, escondidos junto às habitações humanas, construções e sob os dormentes das linhas dos trens. Muitas espécies vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro ou próximo das casas, onde dispõem de farta alimentação”, orienta.
Sobre os acidentes com serpentes, Ana pontua que todos foram acidentes Botrópicos, ou seja, jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, que representam o grupo mais importante de serpentes peçonhentas, com mais de 60 espécies encontradas em todo território brasileiro. Já entre os acidentes com lagartas, dos 12, cinco foram com lonomia (taturana).
Como agir em caso de acidentes
Em caso de acidente com animais peçonhentos, Ana ressalta que algumas medidas são importantes. “Identificar o tipo de animal que ocasionou o acidente é fundamental e se for possível, com os cuidados necessários e segurança capturar o animal e levar junto ao atendimento. Para os primeiros socorros o indicado é lavar o local da picada com água e sabão; manter a vítima sentada ou deitada para não favorecer a circulação do veneno; se a picada for na perna ou no braço, mantê-lo em posição mais elevada e levar vítima ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber atendimento”.
A enfermeira também faz um alerta sobre atitudes e costumes tomados em casos de acidentes com animais peçonhentos que, não devem ser tomados e já que, podem piorar o estado da vítima. “Não amarrar o local da picada (garrote), pois este procedimento pode impedir a circulação podendo causar necrose; não cortar o local da ferida; não aplicar folhas, pó de café ou terra sobre a ferida e não dar bebidas alcoólicas ou fumo para a vítima”, explica Ana.
Contudo, algumas medidas podem ser tomadas para evitar o acidente com animais peçonhentos. Usar botas de borracha ou botinhas ao andar em campo ou mata, usar luvas de raspa de couro e/ou abrigo com mangas longas nas atividades de jardinagem; manter jardins e quintais limpos; limpar terrenos baldios próximos das residências; evitar folhagens densas junto a paredes e muros de casas; usar graveto, enxada ou gancho ao mexer em lenha, buracos, folhas secas, troncos ocos; rebocar paredes para que não apresentem rachaduras ou frestas; vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha; colocar telas nos ralos das pias ou tanques; consertar rodapés soltos; evitar o contato com lagartas urticantes e observar a presença de folhas roídas, fezes ou pupas no solo. “Caso encontre algum animal e não saiba identificá-lo se peçonhento ou não, procure auxílio junto à prefeitura de sua cidade ou entre em contato com o Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul, que atende 24 horas, através do telefone de discagem gratuita 0800.721.3000”.