OPINIÃO

A vez dos mexicanos.... de novo

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Passado o Globo de Ouro, é hora de prestar atenção nas premiações que realmente interessam, apesar de, como o Oscar, também serem prêmios da indústria: as premiações dos sindicatos e categorias, que podem realmente ser consideradas prévias para o Oscar. A semana que passou marcou a entrega do Critic's Choice Awards. Diferente do Globo de Ouro, que também é um prêmio da crítica, essa aqui tem o respaldo de ser menos movida a interesses comerciais e reúne a crítica norte-americana em diferentes plataformas. Algumas obviedades, outras surpresas e algumas justiças. O grande fato da noite foi a divisão do prêmio de melhor atriz entre Glenn Close - vencedora do Globo de Ouro e favorita ao Oscar - com Lady Gaga, para comoção da maior parte do público que se apaixonou por "Nasce uma Estrela". Algumas aberrações, como Christian Bale ter vencido como melhor ator em Vice e, pelo mesmo papel, vencido como melhor ator em comédia (algo que o filme não é!). A outra aberração é a vitória de "Podres de Rico", comédia que tem ganho incentivo extra na mídia e que já havia ganho atenção exagerada no Globo de Ouro, como Melhor Comédia (o filme é péssimo). Mas vale destacar mesmo a escalada de "Roma", de Alfonso Cuarón, que já havia vencido como filme estrangeiro no Globo de Ouro. Aqui, venceu na categoria principal como melhor filme e talvez surpreenda na lista de indicados ao Oscar com uma indicação dupla, como fez "Cidade de Deus" em 2002, quando concorreu como Filme e Filme Estrangeiro. Já Cuarón, novamente premiado como diretor, tem tudo para ganhar o prêmio do Sindicado dos Diretores e arrecadar mais uma premiação. 

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Aliás, o possível Oscar para Cuarón confirma uma supremacia assustadora de cineastas mexicanos. Desde que o mesmo Cuarón venceu o Oscar de direção em 2014 por "Gravidade", o prêmio foi parar em quatro oportunidades nas mãos de mexicanos: duas vezes com Alejandro Inãrritu (por "Birdman" e "O Regresso" e, no ano passado, para Guillermo DelToro, por "A Forma da Água").

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Falei de "Podres de Rico" e o filme tem dividido opiniões. Parte da crítica tem elogiado uma abordagem pouco utilizada para um tema batido. Já eu vi mais do mesmo em uma cara diferente, uma mistura de tramas e filmes de sucesso em um roteiro fraco e repleto de clichês. Muito provavelmente há uma grande motivação financeira em cima da campanha movida pela produtora, uma vez que dinheiro chinês tem desembarcado em peso em produções e estúdios norte-americanos. A comédia, sobre uma sino-americana que se apaixona por um rapaz sem saber que ele é filho da família mais rica de Singapura até começa bem, mas a partir do momento em que começa a colocar os conflitos entre tradições e costumes, se torna aborrecido, lento e sem desenvoltura. Perde a graça e se embrenha numa série de situações típicas desse tipo de filme para acabar de forma esquemática. Nada que o público americano reclame, já que tem sido sucesso por lá.  Mais ou menos o que acontece com as comédias da Globo Filmes aqui no Brasil...

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Todas as atenções, agora, aguardando a chegada por aqui de "Vidro", de M. Night Shyamalan, conclusão da trilogia iniciada com "Corpo Fechado" e que se seguiu com "Fragmentado". A crítica de forma geral, nos EUA, tem batido no filme, mas o público tem gostado mais. No Brasil, a parte da crítica que eu costumo seguir, e que tem revisto e re-avaliado o cinema de Shyamalan, está elogiando o filme. Particularmente, sou um grande fã do diretor indiano, até mesmo de filmes que foram surrados em seus lançamentos, como "Sinais" e "A Vila". Até "A Dama na Água" tem recebido uma série de revisões enaltecendo aspectos que definem a filmografia de Shyamalan num discurso afinado. "A Visita", filme que fez as pazes do diretor com o sucesso, também é ótimo. É um diretor que merece do público mais reconhecimento do que o de ter feito apenas "O Sexto Sentido". A depender de "Vidro", a expectativa é a melhor possível.

 

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