Passo Fundo mantém relações comerciais com Arábia Saudita

ABPA divulgou ontem que 33 frigoríficos foram desautorizados a comercializar a proteína para o país do Oriente Médio

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As 25 plantas industriais responderam, no ano passado, a 63% do volume das exportações de frangoAs 25 plantas industriais responderam, no ano passado, a 63% do volume das exportações de frango
As 25 plantas industriais responderam, no ano passado, a 63% do volume das exportações de frango
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O frigorífico da JBS de Passo Fundo não está entre os 33 descredenciados na exportação de carne de frango para a Arábia Saudita. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) confirmou, ontem (22), que apenas 25 unidades foram mantidas. Antes do anúncio eram 58 cadastradas pelo Ministério da Agricultura, mas apenas 30 efetivamente embarcavam produtos. O impacto, portanto, recaí em cinco plantas.


Conforme nota da ABPA, as razões informadas para a não-autorização das demais plantas habilitadas decorrem de critérios técnicos. Planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações. Porém, em entrevista ao jornal Estadão, o ex-secretário-geral da Liga Árabe (organização que reúne 22 países árabes), Amr Moussa afirmou que a decisão da Arábia Saudita é uma resposta ao governo de Jair Bolsonaro. “O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)”, disse Moussa.


O presidente anunciou, recentemente, que tem intenção de transferir a Embaixada do Brasil em Israel de TelAvivi para Jerusalém. A cidade de Jerusalém está no centro de confrontos e disputas entre palestinos e israelenses, já que ambos os povos reivindicam o local como sendo sagrado. Para evitar o agravamento da situação, os países consideram TelAviv como a capital administrativa de Israel e é lá que ficam as representações diplomáticas internacionais.


Passo Fundo exporta frango para a Arábia Saudita, apesar da queda nas vendas no último ano. Em 2017, a comercialização desta proteína aos árabes representou U$ 22,4 milhões. Em 2016, outros U$ 21,3 milhões. No ano passado, foram apenas U$ 1,3 milhões em carnes de frango para a Arábia Saudita.


A exportação de carne de frango no município, de modo geral, despencou no ano passado, totalizando U$ 34,4 milhões. A queda foi de 72,2%, em relação a 2017 (U$124,1 milhões). Entre setembro e novembro não há nem registro de comercialização do produto. De acordo com o professor de administração, Adriano José da Silva, entre os fatores que influenciaram negativamente as exportações de frango estão os escândalos de corrupção envolvendo empresários do setor e os desdobramentos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, e que teve como consequência uma série de barreiras fitossanitárias de outros países com a carne brasileira.


Se, hipoteticamente, a unidade do município fosse descredenciada, os impactos econômico e social seriam significativos, de acordo com o professor de administração. Isso porque as plantas agregam um amplo número de funcionários, suas famílias e uma cadeia de transporte e fornecedores que gira a partir do fluxo dessas indústrias. Além disso, são grandes arrecadadoras de impostos.


Tentativa de reverter situação
Em nota, a ABPA disse ainda está em contato com o Governo Brasileiro para que, em tratativa com o Reino da Arábia Saudita, sejam solvidos os eventuais questionamentos e incluídas as demais plantas. Além disto, as plantas que hoje não estão habilitadas contarão com o apoio do Ministério para obter a autorização para exportar a este mercado.


Adriano José da Silva enfatiza que o setor é um dos mais organizados do país. “Eu torço que o governo consiga reverter. Tenho convicção de que a ministra da Agricultura é uma pessoa comprometida com o agronegócio e a própria Associação Brasil de Proteína Animal, que tem como presidente Francisco Turra, um grande líder do agronegócio, farão um grande esforço para que essa cadeia produtiva possa se manter viva, atuante e gerando emprego, renda e fazendo toda essa cadeia continue operando em prol do desenvolvimento econômico e social dos municípios, dos estados e do Brasil”, pontua.


As 25 plantas industriais responderam, no ano passado, a 63% do volume das exportações brasileiras de carne de frango – porcentagem que correspondeu a 437 mil toneladas – para a Arábia Saudita.

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