O vice-presidente Hamilton Mourão, no exercício da presidência esclareceu que o decreto de flexibilização na posse de armas não é medida considerada eficiente para combater a violência. Que é promessa de campanha. E até concorda com a ampliação futura de medidas que facilitem o porte de arma. A Polícia Federal fará o crivo sob o aspecto da “efetiva necessidade”, na liberação dos registros para posse, até quatro aquisições. Citamos a manifestação que confirma a observação sobre o panorama tétrico que persiste no Brasil diante da violência nas ruas. É o caso do Ceará, em clima de guerra e verdadeiro terror, com assustador poder de fogo das facções nos presídios. São organizações articuladas internamente que semeiam violência dentro e fora dos presídios. Por enquanto, nada que possa mudar este quadro sinistro para controle pacificador. Ao contrário, o que amedronta é o perigo de alastramento da ordem pública e exaltação do crime. Se alguém pensa em apresentar facilidades na posse de armas para aplacar a aflição que invade o cotidiano do cidadão, ou transferir obrigação do estado, desista! O engano não cola mais!
Imitação salvacionista
Ao apontar fortalecimento dos projetos de dessalinização das águas do mar, com a participação de Israel, imagina-se alvissareira conexão para futura ajuda ao nordeste enfrentar a falta de água. O passo seguinte, de transferir a sede diplomática brasileira para Jerusalém já é precipitação. Flagrantemente aos olhos de observadores, Bolsonaro é conduzido pelo exagerado apreço a Trump, na linha salvacionista sionista. É o projeto de cunho religioso dos Estados Unidos da Grande Israel. Seria adoção desta idéia teocrática da “segunda chegada de Cristo” em alinhamento com o ultradireitista Donald Trump.
Crise do frango
O general Mourão já demonstrou maior racionalidade que o presidente. Sua discrição hábil não muda a previsão de que será um vice turbinado, inusitadamente importante nas decisões. Agora que os países anunciam cancelamento na compra de frangos de vários frigoríficos, Mourão diz que a retaliação árabe deu-se por fato não concretizado. Refere-se ao repúdio ante o anúncio de Bolsonaro, disposto a transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. É declaração em autocrítica presidencial. A exportação brasileira para os árabes é algo fantástico, em torno de 45% de frango e 40% da carne de gado. A estrutura que garante o selo Halal foi incorporada à produção do franco do Brasil. Significa muito para nossa economia. A ofensiva árabe, queiram ou não, vai forçar as relações comerciais com nosso país, afetadas por servilismo desnecessário a Trump.
Marcelo Yuka
O idealizador do conjunto Rappa, Marcelo Yuka, falecido no último dia 18, foi exemplo de vida de um pensador e artista inconformado com a desigualdade social. Pacifista de valor incontestável, com força pessoal e grandeza de alma. Nem sua dedicação humanitária o salvou da violência que agravou sua saúde. Mesma sorte teve o médico psiquiatra que praticava altruísmo e morreu em meio a gestos de doação na própria favela. Recentemente um líder comunitário que se doava na manutenção de creches em São Paulo, foi assassinado por defender pessoas carentes. A missão sublime do médico assistencialista de Brasília foi interrompida dramaticamente por uma bala na cabeça. Se esses missionários dedicados à fraternidade não são poupados pela covardia do crime, o que pensar da vida? A banalização da vida parece não ter limites!
Flávio
A conduta esguia de Fabrício Queiroz, assessor do ex-deputado Flávio Bolsonaro, do Rio, ensejou suspeitas inarredáveis sobre suas ações no gabinete parlamentar. Eleito senador, Flávio busca afastar, ou escoimar-se de relacionamentos com familiares de seu assessoramento, em fase de investigação. O senador não é acusado, mas já teve que dar explicações. Sua defesa segue o processo legal. Há, contudo, um ar irrespirável na democracia que atende pelo nome e tipo absolutismo, como o poder do príncipe: “the king can do not wrong” (o rei pode agir sem que cometa erros).