Indígenas bloqueiam rodovias da região

Protesto era contra medidas do governo Bolsonaro, como a transferências das atribuições de demarcações de terras para o Mapa

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Uma série de protestos realizados por indígenas causou filas e atrasou motoristas em pelo menos duas rodovias federais e uma estadual da região durante toda a quinta-feira (31). Na BR 386, o bloqueio foi no quilômetro 1, em Iraí. Na BR 285, no km 257, próximo de Água Santa.


No trecho entre Passo Fundo e Erechim também teve protestos. Um grupo da Reserva de Ventarra impediu o fluxo de veículos em um trecho da ERS 135, próximo de Erebango. As manifestações iniciaram cedo pela manhã e se estenderam até pelo menos às 17h. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que passou o dia monitorando os locais e dialogando com os manifestantes, o trânsito era liberado a cada 20 minutos. O protesto foi um ato pacífico e não deve continuar hoje (1º).


Os povos se opõem às medidas do governo de Jair Bolsonaro (PSL), em especial, a decisão de retirar da Fundação Nacional do Índio (Funai), a competência das demarcações de terras indígenas. As ações, que integraram o mês de atividades do #JaneiroVermelho – Sangue Indígena, Nenhuma Gota a Mais, se repetiram em todo o país. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o objetivo foi de “denunciar a crescente ameaça que os povos originários e seus territórios têm sofrido, bem como os retrocessos impostos pelo Estado brasileiro”.


O órgão previa manifestações em pelo menos 22 estados e no Distrito Federal, onde lideranças deram uma entrevista coletiva à imprensa. “A garantia territorial é a principal bandeira de luta dos povos indígenas do Brasil. Trazer a demarcação de terras indígenas ao Mapa é uma demonstração clara, deste governo, de que não vai mais demarcar terra indígena no país, porque aqui está entregue na mão do agronegócio”, declarou Sonia Guajajara, uma das lideranças indígenas, em frente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No exterior, também foram organizados atos em pelo menos seis países, entre eles a Suíça, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Portugal e Irlanda.


Organizações indígenas veem com preocupação as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que definem como contrárias aos direitos dos povos indígenas e demais povos tradicionais. No primeiro dia de governo, ele assinou a Medida Provisória (MP) nº 870, que transfere para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a atribuição de identificar, demarcar e registrar as terras indígenas (TIs).


O Cimi entende que tal medida “é carta branca aos ruralistas para ditar as regras sobre demarcação das TIs, já que a titular da pasta, Tereza Cristina, representa os interesses do agronegócio. A MP 870 retirou também a Funai do Ministério da Justiça e realocou-a no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, pasta comandada por Damares Alves”.


A mobilização foi organizada pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e apoiada pela Mobilização Nacional Indígena (MNI). As ações no Brasil e exterior fazem parte da campanha “Sangue Indígena: nenhuma gota a mais”, que busca mobilizar a sociedade em defesa dos direitos indígenas.

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