O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo destaca-se pelo pioneirismo de aplicar novas técnicas que resultam em benefícios para os pacientes. No dia 04 de fevereiro foi realizada a cirurgia do glaucoma minimamente invasiva, com a colocação do menor implante já usado na medicina. O cirurgião oftalmológico, Dr. Alexandre Higuchi, que atua no corpo clínico do HSVP e na Garbin Oftalmoclinica, afirma que essa cirurgia aconteceu pela primeira vez no interior do estado. Foram operados três pacientes, dois somente com o implante de iStent (Glaukos) e um associado com cirurgia de catarata no mesmo tempo.
Escolhemos o Hospital São Vicente, porque nós já operamos rotineiramente na instituição. “Sempre que precisamos de algum material especial solicitamos a compra e o Hospital analisa a viabilidade e nos atende. O HSVP adquiriu o implante especial para a cirurgia, disponibiliza um ótimo microscópio e um excelente aparelho para catarata (Faco/Vitreofago Constelation), uma equipe de anestesia bem treinada e acostumada para anestesia local e sedação, toda equipe de enfermagem bem articulada e disposta a inovações, assim foi mais tranquilo para nós fazermos as primeiras cirurgias do interior do estado. A tendência é que este tipo de procedimento se espalhe para o maior número de cirurgiões possíveis e pacientes”, ressalta o cirurgião.
Inicialmente, Dr. Alexandre explica que o glaucoma é uma doença em que o nervo ótico sofre com o aumento da pressão. De influência genética, a doença é progressiva, sendo que na maioria das vezes, a pressão do olho está alta e o paciente não sente nenhum sintoma.
O glaucoma normalmente é diagnosticado pelo oftalmologista durante a consulta de rotina, por isso o cirurgião enfatiza a importância do diagnóstico precoce. “A gente fala em diagnóstico precoce e não em prevenção, pois só iremos conseguir impedir a evolução da doença, se fizermos o diagnóstico e o tratamento mais cedo”, explica Dr. Alexandre. Ele dimensiona que 50% das pessoas que têm glaucoma, não sabem da doença. "Uma consulta após os 40 anos com o oftalmologista é muito importante, pois iremos medir a pressão do olho, avaliar o nervo ótico e caso tenha alguma característica diferente, suspeitamos de glaucoma, encaminhamos o paciente para fazer exames específicos, como campo visual, tomografia do nervo, medida da espessura da córnea ou fotografia do nervo ótico”, descreve o cirurgião.
Segundo o oftalmologista, o tratamento do glaucoma divide-se em tratamento clínico e cirúrgico. No clínico, a maioria dos pacientes utilizam colírios para baixar a pressão, aliado a exames. Se a pressão estiver controlada, o especialista comenta que conseguirá impedir a evolução da doença, o que impactará na preservação da visão por mais tempo.
Já a cirurgia é indicada para o paciente que não consegue mais controlar a pressão do olho com o uso de colírios. “80% dos pacientes que começam o tratamento do glaucoma, ao longo de dois anos, têm que trocar o colírio ou acrescentar, porque com o passar do tempo aumenta a pressão do olho. Isso faz com que diminua o efeito dos colírios”, explica Dr. Alexandre, ao pontuar que a cirurgia do glaucoma minimamente invasiva é menos traumática do que a convencional. Ele detalha que “com o implante iStent, que mede 0.4 milímetros de diâmetro, considerado o menor implantes utilizados na medicina, a pressão intraocular abaixa em média 5 mmHg (milímetros de mercúrio), facilitando o controle da pressão com menos colírios. “A pressão do olho é de 10 até 20, sendo melhor quando é mais baixa”.
Por ser uma cirurgia menos agressiva, Dr. Alexandre alerta que não precisa esperar os colírios pararem de fazer efeito para indicá-la, pelo contrário, isso muda o conceito do tratamento de glaucoma, uma vez que se faz precocemente. A sigla em inglês “MIGS” descreve muito bem esta técnica, que significa cirurgia de glaucoma minimamente invasiva. Quanto aos benefícios da cirurgia, a taxa de complicação é menor. Desta forma, a cirurgia do iStent é indicada mais cedo, visto que o objetivo é diminuir os efeitos colaterais dos próprios colírios e fazer com que o paciente que está com dificuldade de colocar o colírio, tenha maior adesão ao tratamento. “Estudo de desenvolvimento do iStent nos EUA apontou que a taxa de complicação cirúrgica fazendo só a cirurgia de catarata ou fazendo só a cirurgia de catarata mais o iStent é a mesma, o que nos dá bastante segurança. Quando vamos operar um paciente que tem catarata e vemos que tem glaucoma, nós podemos dizer que praticamente ele terá só vantagens com esse método”.
Em relação ao procedimento convencional, Dr. Alexandre destaca que a principal complicação é no pós-operatório imediato, tendo em vista que se funcionar a mais, a pressão do olho fica muito baixa. Por outro lado, a cirurgia pode funcionar a menos, e a pressão do olho ficar alta logo após a cirurgia, ou a mesma entrar em falência anos após feita. Outras desvantagens desse método são a infecção, que apresenta uma taxa um pouco maior, descolamento de retina, entre outros.
Conforme o oftalmologista, a cirurgia de glaucoma minimamente invasiva complementa a cirurgia da catarata. “Ela é realizada por um cirurgião de catarata e teremos condições de entregar algo melhor para o paciente que tem catarata, como por exemplo, maior conforto, segurança do controle da pressão, com diminuição do número de medicações”.