O Fac CineFórum, tradicional evento da UPF que chega em sua oitava edição e acontecerá neste ano em maio, já tem algumas mudanças definidas pela Faculdade de Artes e Comunicação. A principal delas: será uma edição temática, e a discussão do tema irá sobrepor as discussões pontuais que antes eram voltadas a cada um dos cinco cursos da unidade. Neste ano, o tema que irá orientar a escolha dos cinco filmes que serão exibidos e debatidos será, em diferentes abordagens, a mulher. Temas ligados ao universo feminino ou filmes dirigidos por mulheres que permitam um olhar sobre a visão artística e autoral da mulher dirigindo – e é provável que haja espaço para a inserção de alguns clássicos do cinema no evento. Filmes de Claire Denis, Agnes Varda, Ingmar Bergman, Mira Nair, Woody Allen, Alfonso Arau, Todd Haynes, Chantal Akerman, Pedro Almodóvar, Laís Bodanzky, Luis Buñuel e Greta Gerwig estão na primeira lista de sugestões. Aguardem.
VOLTANDO ATRÁS
Ironia: usei toda a coluna da semana passada para criticar a decisão da Academia de não incorporar na cerimônia principal a entrega dos prêmios de Fotografia e Montagem na cerimônia que acontece neste domingo. Fui um dos milhares que protestaram. No sábado passado a Academia comunicou que estava mudando de ideia e recolocando a entrega dos prêmios de fotografia e montagem na cerimônia. Nada mais justo.
Vi todos os oito indicados a melhor filme, e fosse por méritos, minha decisão estaria entre três filmes: A Favorita, Roma e Infiltrado na Klan. Sobre Roma e Infiltrado na Klann já comentei anteriormente. A Favorita, do grego Yorgos Lanthimos, é um filme “diferente”. O diretor explora alguns aspectos formais – principalmente o uso de lentes olho de peixe – para deformar os espaços onde se passa a trama mas, ao mesmo tempo, incluir o máximo possível de personagens nesse espaço distorcido. É uma trama comandada por mulheres, com ótimos desempenhos, e muito humor negro. Cresceu para mim à medida que o tempo foi passando desde que assisti, mas assim como “Roma”, é um filme que divide o público.
Os mais populares, e que recebem maior torcida do público, são mesmo “Green Book – o Guia”, que acho burocrático e pouco ousado, “Bohemian Raphsody”, uma playlist dos sucessos do Queen em uma montagem não só burocrática mas muito ruim (por incrível que pareça, indicada ao Oscar) e “Nasce uma Estrela”, que agrega a torcida dos fãs de Lady Gaga e, de forma geral, por ser realmente um bom filme, graças aos esforços de Bradley Cooper na direção. “Pantera Negra” entra como um alento aos fãs de blockbusters e traz uma fama de inovação, apesar de eu considerar um exagero sem precedentes o hype em cima do filme para ganhar o prêmio. “Vice” eu acho simplesmente ruim, um exagero formal do diretor Adam McKay, que se perde entre adotar um tom de farsa (que funciona) com certas passagens mais sérias (onde o filme se perde).
Minha torcida (e normalmente ela fica longe das possibilidades) é para que Olivia Colman ganhe como melhor atriz (está esplêndida em “A Favorita”). Torço por Willem Dafoe entre os atores (o favorito é Christian Bale, e Deus queira que Rami Malek não vença por sua imitação de Freddie Mercury). Mahersala Ali tem minha torcida entre os coadjuvantes (muito bem em “Green Book”) e entre as atrizes coadjuvantes, não vejo nenhum desempenho brilhante (não vi o filme pelo qual Regina King concorre), mas espero que Marina de Tavira não vença (ela não faz nada que justifique sua indicação em “Roma”). Entre os diretores comemoraria uma vitória de Pawel Pawlikowski, de “Guerra Fria”, mas ela não vai acontecer. Em resumo: pouco do que eu espero deve acontecer, o que vai tornar o prêmio uma curiosidade que, espero, não esteja tão chato quanto no ano passado.