A esperança depois da curva

Iniciativa de humanização do Hospital São Vicente de Paulo busca transformar a experiência de crianças que precisam passar por cirurgias

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Estar doente é algo que incomoda a todos, mas especialmente as crianças que muitas vezes não conseguem ter a clareza de tudo que acontece. A situação é ainda mais complicada, quando é necessário algum tipo de intervenção cirúrgica. A entrada no bloco cirúrgico, a preparação para a anestesia, o caminho de maca de um lado para o outro seguindo protocolos específicos podem aumentar a tensão deste momento. Pensando em minimizar esse sentimento e dar um novo significado a esse tipo de experiência, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) aposta em uma iniciativa inspirada em hospitais europeus.


O caminho permanece o mesmo, as curvas ainda têm o mesmo ângulo. Mas o passeio de maca pelos corredores de pouca cor e pessoas de roupas azuis já é coisa do passado. Agora são os pacientes que pilotam pelos corredores do bloco até a chegada em uma sala decorada com heróis, princesas e outros personagens que fazem parte do mundo da imaginação. Em carrinhos elétricos inspirados em veículos de marcas famosas e com a orientação de médicos e enfermeiros a apreensão é substituída por um sentimento mais leve.


A ideia partiu de dois cirurgiões, João Isidro e Gustavo Castro, e foi inspirada em experiências desenvolvidas na Europa. O benefício inicial é imediato. Os pequenos Lucas Davi e Lavínia, de seis e cinco anos, respectivamente, estrearam os veículos. O primeiro precisou ir para a cirurgia em função de uma crise de apendicite. A segunda passou por uma cirurgia de traqueia. A mãe de Lavínia, Mirian de Campis Kich, conta que esta é a segunda vez que a pequena precisou passar por uma intervenção e a diferença foi visível. “Na primeira ela estava bem mais nervosa”, resume a mãe.


Diariamente são realizadas entre 10 e 15 cirurgias pediátricas e a expectativa é de que todas as crianças que puderem possam ir até a sala de cirurgia com um dos dois carrinhos que foram doados ao hospital pelos médicos. O cirurgião toráxico João Isidro explica que para que o projeto fosse viabilizado, foram alguns meses de estudo. Isso porque os procedimentos dentro do bloco cirúrgico buscam evitar contaminações e a introdução de um equipamento diferente precisa ser estudada para garantir a segurança dos pacientes. O médico destaca que com os carrinhos o pré-operatório se transforma quase em uma brincadeira para os pequenos. Da mesma forma, a sala decorada cria um ambiente mais alegre e descontraído.


O benefício não é apenas lúdico. A vice-diretora técnica médica do HSVP Cristine Pilati explica que quando a criança chega mais tranquila na sala de cirurgia para ser anestesiada ela também tem uma recuperação melhor ao final do procedimento. Além disso, a novidade ajuda a transformar essa experiência em uma lembrança boa ou, pelo menos, menos dolorosa. As intervenções também buscam minimizar a sensação de estar dentro de um hospital para as crianças.

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