Vacinação contra o HPV em queda no município

Em um ano, 391 doses deixaram de ser aplicadas em meninos e meninas passo-fundenses

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O índice de vacinação contra o Papiloma vírus humano (HPV) decaiu em Passo Fundo nos dois primeiros meses do ano, se comparado ao mesmo período do ano anterior. 

 

Segundo dados da Secretaria de Saúde do município, em 2019, 507 doses foram aplicadas entre os meses de janeiro a março; 391 a menos que o registrado em 2018 quando foram atingidas 898 imunizações. Para a enfermeira do Núcleo de Vigilância Epidemiológica de Passo Fundo, Raquel Schwaab da Silva Carneiro, a ampliação na faixa etária de cobertura vacinal para os meninos, que passou de 12 e 13 anos para 11 a 14, explica a maior procura pela vacina no ano passado, e o decréscimo em relação aos primeiros meses de 2019. “A circulação de falsas informações sobre os efeitos colaterais da vacinação também contribui para que os adolescentes não sejam imunizados devido ao receio dos pais”, revela.


Para ampliar o número de imunizações, a pasta vai atuar junto às escolas e esclarecer aos adolescentes a importância de se vacinar. “A vacina contra o HPV é muito segura e, em todas as doses aplicadas no município, não houve registro de maiores efeitos colaterais. Em geral, são raríssimos, e o estresse pós-vacinação foi o único comprovado”, assegura Raquel.
De acordo com o Ministério da Saúde, meninas com idade entre 9 a 14 anos e meninos na faixa dos 11 a 14 anos devem tomar duas doses da vacina contra o vírus, ministradas em um intervalo de seis meses a cada aplicação.


As infecções provocadas pelo Papiloma vírus humano pode ocasionar câncer de colo de útero e outros também relacionados, além de se manifestar de diferentes formas tendo em vista que esse vírus possui centenas de grupos.

 

Movimento antivacina como ameaça global

O movimento antivacinação, que questiona a eficácia das imunizações contra diversos vírus, entre eles o HPV, foi incluído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos dez maiores riscos à saúde global em 2019. No relatório, o órgão internacional apontou a hesitação em se vacinar como uma “ameaça” porque pode “reverter o progresso feito no combate às doenças evitáveis por meio de vacinação". De acordo com a OMS, de 2 a 3 milhões de mortes são evitadas a cada ano com a vacinação e “outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo", alertou o documento.

 

A crença em um artigo fraudado

A publicação de um artigo científico pelo médico britânico Andrew Wakefield, em 1998, estabeleceu uma possível relação entre a vacina tríplice viral e o desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista. O estudo ocasionou uma queda no número de vacinações no Reino Unido e apresentou reflexos no Brasil.


Apesar de ter sido publicado na conceituada revista científica The Lancet, a teoria foi desmentida várias vezes pelo conselho médico britânico. Descobriu-se, ainda, que os dados haviam sido alterados, tornando a tese de Wakefield uma fraude. Mesmo com a retratação pública, o movimento antivacina cresce a cada ano, acendendo um alerta na classe médica, especialmente pelo risco de doenças já erradicadas no Brasil voltarem a acometer os cidadãos.

 

Fake news e baixa cobertura vacinal
Um levantamento realizado pelo Saúde Brasil, em 2018, mostrou que a infecção por HPV acomete adolescentes de todas as esferas sociais. O contágio é feito sexualmente ou por contato com a pele. Para ampliar a cobertura, o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Saúde nas Escolas para incentivar a vacinação dos estudantes. Os municípios têm até o dia 28 de março para aderir à iniciativa. “As vacinas contra o vírus são disponibilizadas gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) e é extremamente importante que os pais vacinem os filhos porque é uma questão de saúde pública”, enfatiza Raquel.

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