A água que deveria sair pelas torneiras das casas dos moradores do bairro Vera Cruz, verte no piso asfáltico ao lado de um dos reservatórios administrados pela Companhia Rio-Grandense de Saneamento (Corsan). O caminho inverso é percorrido desde que uma válvula da tubulação se rompeu, tornando o racionamento de água uma realidade para as famílias.
O problema, porém, é antigo. A estudante Mozara Fávero, de 25 anos, conta que as interrupções no abastecimento de água no local é uma constante há cerca de 8 anos. “Uma vez, ficávamos uma tarde inteira sem água. Agora, falta mais na parte da noite e retorna no início da manhã, e quando chega, está suja ou com o fluxo fraco”, relata. Esse novo episódio, e a dificuldade de comunicação com a Corsan para a resolução do caso, levou os moradores a iniciaram um movimento de abaixo-assinado, mesmo com a normalização há uma semana. “Já fomos reclamar por dias seguidos e o que ouvimos é sempre o mesmo. A água retorna e fica estável por uma semana ou um mês e logo falta de novo”, queixa-se.
Com o comércio da família bem em frente à caixa d'água, Mozara diz que a interrupção prejudica não só os comerciantes do local como também traz prejuízo aos imóveis e eletrodomésticos. “Quando não temos água, o funcionamento do posto de gasolina, na outra rua, é afetado, assim como o de outros estabelecimentos. Já tivemos que trocar muitos chuveiros e máquinas de lavar roupa”, menciona.
A mobilização dos moradores, aos poucos, está ganhando adeptos. Em todo o bairro, o documento circula para a coleta de assinatura. “Já ligamos no serviço de atendimento e nada foi resolvido. Então, esse abaixo-assinado foi iniciativa de um outro morador e é direcionado à Corsan depois de terem nos orientado a reclamar com o Ministério Público”, explica. Enquanto o cenário se mantém o mesmo, a estudante diz aproveitar os períodos em que a água chega pelas torneiras para armazená-la em recipientes e utilizar nos momentos de escassez, nas demais horas do dia. “Às vezes, é preciso recorrer aos vizinhos que tem água para fazer algumas tarefas do cotidiano”, declara.
Falha no equipamento
A explicação para o desabastecimento que afeta os moradores do bairro Vera Cruz está no equipamento que controla o nível de água do reservatório. De acordo com o coordenador regional da Corsan, Audiomir Sandi, uma falha na válvula permite a oscilação da pressão que enche e dá vazão à água nos períodos de maior consumo, geralmente, registrados a partir das 18h. “Já foi adquirida uma nova peça para fazer o reparo e estimamos que em 15 dias o fornecimento de água esteja normalizado”, esclarece.
A tecnologia como canal direto de comunicação
Sandi salienta que além dos canais telefônicos, o consumidor pode entrar em contato com a Corsan pelo aplicativo do órgão. “É possível enviar comentários e reclamações pelo dispositivo, e ter acesso aos demais serviços prestados pela Corsan”, salienta.