O outono inicia, oficialmente, às 18h58min de quarta-feira (20) em todo Hemisfério Sul. A estação, embora marcada pela diminuição na frequência e no volume de chuvas, será atípica neste ano, segundo o observador meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegdonei Sampaio. “Devido à influência do fenômeno El Niño, que age desde novembro, devemos ter chuvas acima da média para o período”, explica.
As precipitações atingiram um acumulado de 120mm, em Passo Fundo. Esse índice representa 89% de toda a estimativa projetada para o mês de março. “Na terça-feira (19), a chuva deve dar uma trégua, mas retorna no dia seguinte. O tempo permanece encoberto por nuvens até sábado (22)”, indica. Sampaio afirma ainda que, além do tempo fechado, as temperaturas devem começar a cair devido à ação do fenômeno climático e algumas ondas de massas polares influenciam o comportamento climático dos estados da Região Centro-Sul. “Ainda que tenhamos a atuação do El Niño, ela se dará de maneira mais fraca”, pondera.
Um olho no campo e o outro no céu
O começo da nova estação afeta, também, a agricultura. De olho nas cultivares e nos mapas meteorológicos, os produtores gaúchos preparam-se para a colheita da soja. A safra do grão é responsável por uma das maiores movimentações econômicas do estado e uma das principais culturas mantidas em solo gaúcho, de acordo com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). O prognóstico climático, no entanto, preocupa. “O interessante é que a chuva seja menos frequente para facilitar a colheita de soja. Além dela, agora se inicia a semeadura e cultura de cobertura dos primeiros cultivos de inverno e para alimentação animal, como aveia e canola”, esclarece o engenheiro agrônomo da Embrapa, Gilberto Cunha.
O outono com El Niño
Mesmo atuando de maneira não tão intensa, o fenômeno El Niño segue influenciando o padrão de comportamento climático durante o outono, pelo menos, até junho. Além dele, a temperatura do oceano Atlântico Sul inicia elevada. Isso significa que a presença do El Niño faz com que as ondas de frio sejam menos frequentes, mantendo uma sensação agradável pela alta nos termômetros. Algumas massas de ar polar, contudo, devem chegar à Região Sul, fazendo as temperaturas despencarem por um curto período.