A Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas) quer reajustar alguns horários de linhas do transporte coletivo urbano para liberar veículos e evitar transtornos com os usuários. Nos últimos dias, a empresa encaminhou, à Secretaria de Transportes e Serviços Gerais, um ofício solicitando a retirada de duas linhas de ônibus que atualmente estão sob sua responsabilidade: a Italac-UPF e a Operária-São Cristóvão.
Porém, na tarde de terça-feira (19), a empresa se reuniu com representantes dos trabalhadores e vereadores e optou por somente reajustar os horários da linha Italac-UPF, de modo que o ônibus não circule em horários em que não há demanda. A alternativa vai fazer com que sobre um veículo na garagem, para eventuais emergências. O motivo é a que a empresa tem poucos veículos reservas e quando algum precisa de manutenção – situação que é corriqueira –, fica sem ter como atender à comunidade. No momento a Codepas possui 24 ônibus e atende 11 linhas. Conforme o diretor, Tadeu Karczerski, o intuito da empresa, com essa ação, é melhorar a qualidade do serviço prestado à população de Passo Fundo.
Um novo edital de licitação do transporte público está sendo elaborado pela Prefeitura de Passo Fundo. A expectativa é que ele seja lançado nos próximos meses. Por esse motivo, a Codepas não deve investir em novos ônibus no momento. “Nós não temos como adquirir novos veículos para atender bem a população. Temos as linhas que são deficitárias e, por isso, encaminhamos, para a secretaria, a proposta de retirar essas linhas e redistribuir os veículos e trabalhadores”, explica Karczerski. Além disso, o ano de 2018 fechou com déficit nas finanças da empresa no valor de R$ 2,5 milhões.
Sindicato discorda
Porém, a proposta de retirada de linhas não é unanimidade entre os envolvidos. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb) solicitou, em reunião realizada na terça-feira (20), na Câmara de Vereadores, que a empresa não entregasse as linhas. “A empresa nos repassou que eles vão consertar dois ônibus. Com a manutenção, nós pedimos que as linhas não sejam retiradas”, explicou o presidente da entidade, Miguel Valdir dos Santos.
De acordo com Santos, o episódio que originou o debate, foi que durante quatro dias, os usuários ficaram sem duas linhas. O que ocasionou o transtorno foi que sete veículos estragaram em um único fim de semana. “Eles deram férias para os dois mecânicos ao mesmo tempo. Nesse período, estragou sete ônibus em um fim de semana. Não tinha mecânico para arrumar. Foi uma falta de planejamento da companhia”, ressaltou.
Diante disso, ele argumenta que não há necessidade de retirar as linhas. “Não tem o porquê de entregar. Se cada dificuldade que tiver, entrar uma linha ou duas, daqui uns dias a Codepas fecha. As pessoas que estão trabalhando lá vão ficar desempregadas”, acrescentou.
Reuniões
Na última semana, um grupo de motorista foi recebido por parlamentares, na Câmara de Vereadores. Eles prestaram esclarecimentos acerca da reclamação dos moradores sobre a dificuldade de funcionamento em algumas linhas de ônibus pertencentes à empresa.
Na tarde de terça (19), uma nova reunião foi realizada, convocada pelo vereador Patric Cavalcanti (DEM). Os pontos mais citados nas reclamações de usuários são o itinerário de algumas linhas, a demora na espera e a não pontualidade no horário. A direção informou problemas com 10 veículos que foram comprados e vieram com vício oculto. Trata-se de um problema que aparece posteriormente quando os carros estão em funcionamento e acaba ocorrendo problema de manutenção.
Na ocasião, Karczeski explicou que o problema é crônico e não é somente enfrentado pela Codepas. Segundo ele, as pessoas estão procurando outros modais de transporte, além do público, o que acarretou na redução do número de passageiros e no aumento dos custos. Sobre esta majoração são listados itens como pneus, combustível, manutenção e os próprios veículos. “O déficit da Codepas no ano de 2018 foi acima de R$ 2,5 milhões. Não fosse o transporte coletivo, a empresa daria lucro de R$ 800 mil ao ano, sobre os demais serviços prestados pela empresa”, salientou Karczeski.