Cerca de cinquenta trabalhadores do Frigorífico Heinrich suspenderam o abate de gado, na manhã de quarta-feira (20), em resposta à ausência de pagamento nos últimos três meses.
A empresa, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Passo Fundo, registrava uma produção diária que variava entre 80 a 400 bovinos de corte abatidos entre os turnos de produção. “O nosso departamento jurídico vai entrar com um pedido de rescisão indireta para que esses funcionários consigam receber o FGTS e o auxílio referente ao seguro- desemprego”, explica o direitor da entidade, Miguel Luis dos Santos.
As pendências trabalhistas, no entanto, começaram a ser notificadas ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) há um mês, por meio de ofícios encaminhados pelo sindicato. “Além dos salários atrasados, os trabalhadores nos relataram casos de assédio moral. O chefe era responsável por registrar o cartão-ponto enquanto eles ainda estavam trabalhando. Ou seja, não respeitava o intervalo legal”, menciona Miguel.
O frigorífico, situado na Rodovia 153, empregava industriários do município e de cidades da região que se deslocavam, diariamente, para cumprir a jornada de trabalho. Com a paralização, decidida em assembleia e comunicada aos sindicalistas, os funcionários esperam conseguir o pagamento dos valores devidos e a liberação da carteira de trabalho para procurar outros empregos. De acordo com o departamento jurídico do sindicato, a empresa opera com vários CNPJs nos ramos industrial e de logística.
De acordo com o advogado trabalhista, Marcelo Mendes, as representações judiciais foram solicitadas por uma parcela dos trabalhadores. “Não conseguirmos ingressar com uma ação coletiva porque ainda há pessoas trabalhando lá. Recebemos a documentação de cerca de 25 funcionários e vamos processar o grupo econômico responsável pelo frigorífico”, explica. Além dos industriários, os criadores do gado de corte fornecidos à empresa também estão sem receber os pagamentos devidos. “Quando fomos até o frigorífico tentar conversar com os responsáveis, encontramos um pecuarista do interior de Serafina Corrêa que veio cobrar o valor correspondente aos animais vendidos”, relata Mendes.
A estimativa do sindicato é de que os pedidos sejam encaminhados até o final desta semana. “Esperamos resolver isso o quanto antes porque os trabalhadores estão com as contas atrasadas e a maioria tem filhos. Então, queremos agilizar esse processo para conseguir, pelo menos, liberar o valor que eles têm direito”, aponta Miguel.
O Frigorífico Heinrich não retornou o contato da reportagem do jornal O Nacional até o fechamento desta edição.