OPINIÃO

A dona do mundo

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Alegria de uns, tristeza de outros. A Disney anunciou na semana que passou outro negócio bilionário.  Comprou a 20th Century Fox, uma das últimas seis grandes produtoras de cinema dos Estados Unidos (as outras são a própria Disney, a Warner, Paramount, Universal e Sony). Com exceção da Sony, são todas gigantes do Cinema que já estão em sua maioria na mão  de conglomerados e grupos chineses, mas mantinham sua autonomia e posição de fundadoras do sistema de estúdio nos EUA desde os anos 1920.

De certa forma, a Disney detém hoje um poder que nenhum estúdio jamais teve na história. Já havia adquirido a LucasFilm (e com ela os direitos sobre todos os produtos e filmes de Star Wars, que ela trouxe de volta ao circuito produzindo desde 2015 novos filmes). Já era dona da Pixar, que ironicamente havia surgido de artistas saídos da própria Disney nos anos 90.  Já era dona também da Marvel Studios (o que coloca nas mãos dela não apenas todos os filmes da Marvel como os da Série Star Wars, uma receita de dezenas de bilhões de dólares anuais). Só com  as bilheterias, em  2018, foram quase 8 bilhões de dólares. Agora, adquirindo a FOX, passa a ser detentora dos direitos de AVATAR, o que significa que as duas continuações da maior bilheteria da história, que estão sendo rodadas simultaneamente por James Cameron, passam para a Disney, além de todos os filmes dos X-Men.

Quem está delirando é o fã nerd dos filmes de heróis, que agora sonha em ver um filme em que os X-Men enfrentem os Vingadores, mais um crossover típico de sonhos nerd. Quem está sofrendo podem ser os cerca de 10 mil funcionários que podem acabar perdendo o emprego pela junção da companhia à gigante criada por Walt nos anos 1930. De certa forma, também o fã de um cinema mais plural sofre, já que a autonomia para variação de novas produções e projetos tende a ser limitada pela filosofia dominante. A Fox tem um braço de produção mais independente que costuma auxiliar e promover filmes mais complexos, de diretores menos consagrados ou produções de maior risco, que é a Fox Searchlight. Ninguém sabe ainda o que acontecerá com ela. Outra consequência da união: a FOX é dona da Blue Sky, uma concorrente da Disney e da Pixar, responsável pelas séries animadas A Era do Gelo e Rio, entre outras. A Disney promete mantê-la operando, mas muita gente acha difícil isso acontecer tendo a Pixar no meio do jogo. Ah, Os Simpsons agora pertencem à Disney também.

Isso tudo acontece num ano em que o estúdio terá as estréias das versões Live-Actions de “O Rei Leão” (que deve ser um sucesso sem precedentes), “Dumbo” (que nas cabines de imprensa tem arrancado elogios surpreendentes) e “Aladin”, além dos sucessos já garantidos de “Vingadores – Ultimato”, em abril. Terá “Frozen 2” em novembro, “Toy Story 4” em junho e fechará o ano com Star Wars – Episódio 9 em dezembro.

A Netflix já está começando a planejar seu futuro para um ataque massivo: a Disney já anunciou que em breve terá seu próprio canal de Streaming, o que significa que todos os seus filmes deixarão de ser exibidos na Netflix e passarão para seu próprio selo.

O mundo do entretenimento, hoje, literamente tem dono. 

 

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