O extraordinário cientista brasileiro Marcelo Gleiser que mora em Hanover, New Hampshire, nos states foi o vencedor do Prêmio Templeton (espécie de Oscar) instituído em 1972 por suas pesquisas em Ciência e Espiritualidade. É o primeiro latino-americano a receber essa distinção. Tenho por ele grande admiração e consta de minha pequena biblioteca seus trabalhos: Criação Imperfeita, O Fim da Terra e do Céu, Conversa Sobre a Fé e a Ciência (ele e Frei Betto). Estão, esses livros, ao lado de outros autores que tratam de física e mecânica quântica. A gente (eu, pelo menos) entende pouco desse universo ou multiverso metafísico ou além da imaginação. Há um mundo visível e invisível, tangível e intangível, há as dimensões comprimento-largura-altura que permitem que percebamos o mundo e há outras tantas que compõem o mundo que existe, a despeito de nossas possibilidades. Há o tempo e as divagações sobre ele; há quem defenda que podemos estar em vários lugares simultaneamente, inclusive no passado-presente-futuro. O fato é que o prêmio destaca que a ciência não descarta Deus. É possível que venham a se entrelaçar, assim como imaginava Morris West, em As Sandálias do Pescador. Se o tempo não existe ou se o passado-presente-futuro acontecem de maneira simultânea pode consistir de pílulas de felicidade. Hoje, por exemplo, ouvi ao acaso uma balada country norteamericana, sucesso no Brasil em 1971, There’s no More Corn on the Brasos (os sessentões sabem a que me refiro) e ela me trouxe instantaneamente meu pai na cantina do quartel na companhia do sargento Paulo Viero (milho verde). Eu voltava da aula no Cenav e eles ali estavam e o rádio tocava aquela música. Ficou marcado, essas coisas ficam assim no cérebro e coração da gente. Essas vivências mágicas costumam apertar o peito e a garganta até que os olhos espremidos vertam água que descem pela face e que inutilmente tentamos disfarçar. Então, Marcelo Gleiser e seus estudos aliados a minha aceitação fizeram com que dissesse ao meu pai: olá meu velho, sei que estás aqui, saudades, te amo...
De passagem para outras dimensões alguns bons amigos vão se despedindo dessa configuração deixando rastros de saudades e de lembranças bacanas. Tanta gente que partiu num rabo de foguete, tipo o Capitão Blood que alguns juram que viajou subitamente em um foguete rumo ao sol; outros, porém dizem, que um certo Capitão Blood morreu atropelado em plena avenida São João, São Paulo, Brasil. Talvez, até a s duas coisas.
Assim, como Dr Osmar Teixeira, Julio Rosa, Cesar Lopes, Edeson Scandolara, outro companheiro do rádio (julgo fazer parte) se despede indo para outras dimensões, mas não para a morte, ela não existe, há apenas troca de configuração. A gente permanece tal qual chegou a conclusão o mitológico rei nórdico Gilgamesh; a gente permanece vivo nas obras, nas realizações, nos relacionamentos. Assim, Jaime Freitag com sua doçura, sensibilidade, educação, fineza e capacidade criou sua marca, a marca Freitag de tão importante contribuição a nossa região. Pena a gente não se despedir, mas se despedir do quê? Amanhã estaremos juntos novamente, nossos amigos, nossos parentes queridos para celebrar a grande festa da eternidade.
Obrigado Jaime, obrigado Dr Marcelo.