A tal de reciprocidade
Não fui um bom menino na Faculdade de Direito da UPF. Passei um longo tempo por lá e saí sem o canudo. Os professores eram renomados e poucas escolas do Brasil reuniam um corpo docente de tamanho quilate. Nessa minha fase de amadurecimento, tive a oportunidade de ganhar muito em conhecimento. Vira e mexe, ainda relaciono alguns fatos às aulas do curso de Direito há mais de 40 anos. Agora, após a reverberante visita presidencial aos Estados Unidos, não foi diferente. Imediatamente, uma imagem do ambiente acadêmico tomou conta da minha cabeça. Na sala estava o Dr. Rômulo Teixeira dando uma grande aula de Direito Internacional Público. Fui recordando sobre a matéria e temas paralelos que o antigo mestre compartilhava com seus alunos. Eis que, de forma contundente, surgiu a expressão “reciprocidade”. Sua importância nas relações internacionais é proporcional ao seu uso nas aulas. E o Dr. Rômulo não parava de falar em reciprocidade. É um princípio que garante um tratamento igual de parte a parte nas relações entre os países. Isso estava e ainda está nos livros. Até encontrei algo muito interessante num livro de Direito Internacional Público que pode resumir aquilo que ouvi nas aulas do professor Rômulo: “Em direito internacional e nas doutrinas políticas internacionais, a principal implicação do princípio da igualdade é a reciprocidade de direitos e benefícios”. Ora, acredito que a reciprocidade ainda seja indispensável. Então, como pode surgir um pacote de benesses, cessões e concessões unilaterais? Ora, esse pacote não tem reciprocidade. Está mais para um pacote de presente. Haverá reciprocidade?
Oscilações das folhas de outono
Outono tem seus encantos. Poderíamos dizer que é uma primavera inversa, das flores às folhas coloridas. Uma estação é representada pelo florescer, a outra pelo cair das folhas. É uma troca de pele da natureza, assim como trocamos a roupa. Sem os extremos do calor e do frio, essas estações intermediárias têm um clima agradável que merece ser apreciado. Aliás, deve ser muito bem aproveitado. É um período para viver tudo aquilo que, segundo o velho ditado, fica entre San Juan e Mendoza. Nesses períodos não podemos ficar apenas com o picolé ou o quentão. A vantagem é que os dois vão bem. Mas é exatamente entre os extremos que estão as delícias do outono. Um drinque mais doce ou mais seco, cerveja leve ou densa, enquanto o vinho até pode ser um rose. Entre um grelhado e uma sopa, cai bem um creme ou um suflê. Chocolate quente ou limonada com gelo? Tanto faz. Na dúvida, a caipirinha descerá maravilhosamente. A vida segue em harmonia com o termômetro. Sem suar de calor ou tremer de frio. Mas os encantos do outono ganham vida em boa companhia. E aí, por favor, não fique na metade do caminho. Amena é apenas a estação e isso permite que nosso clima vá aos extremos. Seria o outono uma época para abrigar desejos extremos com intimidade? Enquanto as folhas caem, também despenca a chatice de algumas exigências. O outono permite. E oscilamos.
Segue o baile
As mentiras estão em alta. Tanto que agora ganharam o rótulo chique de fake news. Além de mentiras, representam um perigo ainda maior à sociedade. São sistemáticas e têm divulgação minuciosamente planejada. Observem as mensagens que são repassadas. Grande parte chega exalando ódio e, quase sempre, com o objetivo de denegrir instituições. Há uma rede especializada na distribuição dessas mensagens. Descaracterizam valores e os princípios jurídicos que regem o país. São contra tudo aquilo que vigorava, propiciando para intrigas de classes. Aos poucos, encurralam a sociedade para um caminho de exceção. Ora, se isso ocorre em redes sociais de forma sistemática, por que até agora essa ação subversiva ainda não foi desbaratada? Não faltam tecnologia e gente capacitada para acabar com isso.
O bode
Antigamente colocavam antes o bode na sala. Agora esperam feder e, só então, convocam o bode. Mas o efeito ainda é o mesmo. Antes ou depois, sabemos bem, vai dar bode!
Trilha sonora
De olho no calendário, saudamos o outono com Eric Clapton -Autumn Leaves
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