Os conceitos de inclusão e qualidade de vida têm sido levados à prática pela direção e equipe da Escola Municipal de Autistas Professora Olga Caetano Dias. Dentro do projeto que leva os alunos para lugares da cidade, eles aproveitaram uma tarde ensolarada para visitar o Pesque Pague Nossa Senhora Aparecida, um lugar especial, junto à natureza, que possibilitou novas sensações aos adolescentes e adultos da instituição.
A ideia da pescaria partiu de um dos professores, Valdemar Góes, com o objetivo de propiciar uma nova experiência aos alunos. “Ter um momento assim é ímpar, representa bem-estar, qualidade de vida e valorização de cada ser humano, independente da dificuldade”, afirmou. Segundo ele, o importante é buscar a inserção dos alunos na sociedade. “Nossos alunos são mais do que especiais, todo mundo deveria ter a chance de trabalhar com um ser humano que precisa desse olhar mais carinhoso, mais humano”, observou o professor.
Curiosidade e encantamento não faltaram na nova experiência. Os alunos ficaram realizados com o aprendizado e todos puderam pescar seus próprios peixes. O professor Cleiton Bona, que trabalha na escola há 9 anos, foi um dos que ajudou os alunos. “Viemos aqui proporcionar a esses adolescentes e adultos autistas uma vivência totalmente diferente, que muitas vezes as famílias não podem proporcionar. O objetivo desses passeios é criar uma cultura diferente, para que pessoas de fora também aprendam sobre o autismo, saibam conviver com isso”, ressaltou o professor.
A escola tem como um dos principais objetivos trabalhar a qualidade de vida e a autonomia. “São trabalhados projetos de Artes, Psicomotricidade, Inserção Social, Integração e atividades da vida diária, todos visando a inclusão dos alunos na escola, na família e na comunidade onde estão inseridos”, afirmou a diretora Enoir Santana. Já existe o hábito de, toda a semana, fazer passeios por praças e ruas da cidade, lanches especiais, idas ao cinema, visitas a supermercados, sempre com o acompanhamento dos professores.
Nesta terça-feira, 2 de abril, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A ação foi criada em 2008 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e chama atenção para a importância de se conhecer e tratar o transtorno que atinge mais de 2 milhões de brasileiros.
Criada em 2001, a Escola atende 68 alunos, entre 6 e 42 anos. Os estudantes frequentam o local no turno inverso e fazem atividades para desenvolver o raciocínio, a memória e a coordenação motora. Ao todo, 19 professores de diversas áreas atuam na escola e ajudam na evolução dos autistas. A escola é uma das poucas instituições especializadas em educação de autistas no Rio Grande do Sul.
O que é?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na interação social, além disso essas pessoas costumam apresentar comportamentos repetitivos, e em muitos casos são inflexíveis a mudança de rotina.
Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. O diagnóstico precoce pode melhorar muito a qualidade de vida e a evolução do paciente. Por isso a importância de procurar profissionais especializados.