Um novo olhar sobre o autismo

Instituição de ensino atende 68 alunos com a síndrome

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Atividade ao ar livre mobilizou educadores e estudantes autistas em uma educação inclusiva e humanizadaAtividade ao ar livre mobilizou educadores e estudantes autistas em uma educação inclusiva e humanizada
Atividade ao ar livre mobilizou educadores e estudantes autistas em uma educação inclusiva e humanizada
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O espaço ensolarado, amplo e localizado dentro do Santuário Nossa Senhora Aparecida, na RST 153 – km 3, em Passo Fundo, faz da Escola Municipal de Autistas Professora Olga Caetano Dias uma das poucas instituições de ensino especializadas em educação de autistas no Rio Grande do Sul. 

 

Trabalhar os conceitos de inclusão e autonomia dos 68 estudantes assistidos pelo educandário motiva, há 18 anos, uma proposta pedagógica voltada à experimentação de sensações cotidianas. Na semana que antecedeu o Dia Mundial de Conscientização do Autismo – lembrado nesta terça-feira (02) e instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2008 - , alunos entre 6 e 42 anos desfrutaram de uma tarde voltada à pesca, na quinta-feira (28). “Ter um momento assim é ímpar, representa bem-estar, qualidade de vida e valorização de cada ser humano, independente da dificuldade”, afirmou o professor Valdemar Góes.

 

Idealizador da atividade, ele observa que buscar a inserção dos estudantes na sociedade é um dos pilares da educação inclusiva e humanizada. “Nossos alunos são mais do que especiais, todo mundo deveria ter a chance de trabalhar com um ser humano que precisa desse olhar mais carinhoso, mais humano”, ressaltou.


Atuando na escola há 9 anos, o também professor, Cleiton Bona, auxiliou os educandos nas instruções e acompanhamento da atividade ao ar livre. “Buscamos proporcionar a esses adolescentes e adultos autistas uma vivência totalmente diferente, que muitas vezes as famílias não podem proporcionar. O objetivo desses passeios é criar uma cultura distinta, para que pessoas de fora também aprendam sobre a síndrome e saibam conviver com isso”, afirmou. Além de Góes e Bona, a Escola Municipal de Autistas Professora Olga Caetano Dias possui mais 17 educadores que desenvolvem práticas voltadas ao raciocínio, à memória e à coordenação motora.


Um ambiente de acolhida e orientação
A transferência da sede do prédio construído há 18 anos por uma força coletiva organizado por pais de pessoas autistas e, antes instalado no Bosque Lucas Araújo, para o Santuário Nossa Senhora Aparecida ampliou a estrutura e as possibilidades de trabalhar a educação inclusiva, em turno inverso, com os educandos diagnosticados com a síndrome que, de acordo com a ONU, atinge cerca de 2 milhões de brasileiros. Com dois pisos, a escola engloba 10 salas de aula, 5 laboratórios voltados à música, informática, artes, atividades da vida diária e psicomotricidade; além de uma sala de estar com televisor. Além disso, os alunos também contam com refeitório com cozinha, um amplo pátio interno com playground e banheiros nos dois andares. Na parte administrativa, são três salas para atender os professores, a direção e coordenação e a secretaria, além de depósito para guardar materiais. “São trabalhados projetos de artes, psicomotricidade, inserção social, integração e atividades da vida diária, todos visando a inclusão dos alunos na escola, na família e na comunidade onde estão inseridos”, afirmou a diretora Enoir Santana.


“Diferente é o mundo que queremos”
O educandário, porém, não é o único espaço voltado ao trabalho junto às pessoas com o transtorno do espectro autista. O projeto de extensão ComSaúde se articula através da temática “Autismo: diferente é o mundo que queremos”, em estudos acadêmicos e eventos desenvolvidos pela Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (FM/UPF), se pautando por “tecnologias leves de cuidado, tendo como estratégias o protagonismo dos estudantes, do público beneficiado, a produção de conhecimentos e a formação de multiplicadores em promoção da saúde e cuidado no contexto da síndrome”.


Na semana alusiva, o ComSaúde se vincula à Associação dos Amigos da Criança Autista (AUMA), de Passo Fundo, na promoção de um ciclo de palestras e atividades reunindo especialistas na área da saúde e integração social. A programação é endossada também pelo Passo Fundo Shopping na inclusão por meio da cultura. Na sexta-feira (05), o espaço comercial recebe uma Roda de Conversa, às 18h30, com o tema “Desmistificando o Autismo”, reunindo profissionais da Escola Municipal de Autistas e a Liga dos Heróis, que estará nos corredores do shopping em mobilização pela causa.


As lojas do shopping também aderiram ao movimento de conscientização do autismo expondo uma placa com a campanha. Algumas, inclusive, já possuem caixa preferencial para autistas, sinalizados pelo laço em tons coloridos do movimento.
Durante o mês de abril, o Cine Laser Cinemas fará uma sessão especial adaptada para autistas e suas famílias, com direito a pipoca e refrigerante.


Agenda
Na data de início da campanha (02), haverá uma palestra com a neurologista Ana Luísa Dozza, que vai abordar o diagnóstico, tratamento e terapia da síndrome; e com a terapeuta ocupacional Camila Pasin, que abordará questões sobre histórias sociais. Os encontros acontecerão no anfiteatro da Faculdade de Medicina (FM) da UPF, no Campus II, em frente ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). No mesmo dia, acontece a Exposição “Vista Essa Ideia”, na Delta Livraria, no Passo Fundo Shopping.

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