Nove pessoas em situação de rua foram conduzidas, na manhã de ontem(2), para três entidades assistenciais de Passo Fundo após ação conjunta entre a Secretaria Municipal de Assistencia Social com o apoio da Brigada Militar.
Cenário comum a quem transitava pelos arredores da Praça Tochetto, no centro da cidade, os colchões e cobertores que, até então, eram abrigo para os homens e mulheres que ali permaneciam diariamente, foram retirados do espaço e os moradores direcionados ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua Júlio Rosa (Casa POP) e ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). “O espaço possibilita que eles não estejam mais à mercê e possam reconstruir a vida, tendo maiores perspectivas de retomar a vida junto de suas famílias”, explicou o Secretário Municipal de Assistência Social, Wilson Lill.
A buscativa possibilitou que as pessoas, fossem estimuladas à busca por auxílio especializado ou ao retorno aos lares de origem porque, de acordo com a Coordenadora de Proteção Social Especial e Secretária Adjunta de Cidadania e Assistência Social, Elenir Chapuis, algumas possuem referências familiares na cidade, porém encontravam-se inseridas nesse quadro em função da dependência química. “Esse trabalho acontece periodicamente, mas enfrentamos o problema da aderência. O nosso objetivo não é retirar as pessoas da rua porque, depois que elas saem, continuam existindo. Nós queremos trabalhar a vinculação, oferecendo os serviços técnicos que devolvem a dignidade”, esclarece. Das nove pessoas abordadas, duas assentiram o encaminhamento ao CAPS AD. As demais, optaram por voltar aos lares.
Elenir assinala ainda que, embora a praça se constituísse como um espaço de permanência, as vias públicas são lugares comuns a todos cidadãos e não ambientes de moradia. “Passo Fundo é uma das únicas cidades que dispõem de três serviços específicos para atender a população vulneárvel e em situação de rua. As pessoas não são simplesmente retiradas dos locais ou saem, há um trabalho de meses e até anos para que se consiga proporcionar mais qualidade de vida”, pondera.
Cidadãos de papelão
Segundo dados o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), há 101 mil cidadãos vivendo em situação de rua no país. Em Passo Fundo, conforme estimou a Coordenadora de Proteção Social Especial, 40 pessoas têm nos espaços públicos um lar fixo ou de transição. “Várias destas não são daqui, encontram-se em uma fase de passagem. Com isso, conseguimos também fornecer um suporte para elas retornem às suas cidades de origem”, assegura.
A Casa POP
O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro Pop Júlio Rosa, é uma unidade pública passo-fundense voltada ao fornecimento de auxílio técnico às pessoas que sobrevivem nas ruas e apresentam vulnerabilidade social. No espaço, localizado na Rua Morom, é ofertado um serviço de acolhimento com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes e situação de rua.
O serviço é prestado por uma equipe de educadores sociais garantindo atenção às necessidades imediatas das pessoas atendidas, como alimentação, higiene pessoal, guarda de pertences ou provisão de documentos de identificação e que caracterizam o indivíduo como um cidadão. A Casa POP funciona, ainda, como referência de residência do morador que pode permanecer no espaço durante o dia.