Estamos diante de um quadro histórico previdenciário comprometido pela gestão parcimoniosa em relação a segmentos salariais privilegiados. O Brasil também é palco de corporativismos encravados no serviço público. As conseqüências maléficas da globalização da economia e a corrupção interna apressaram o aperto financeiro em nosso país. A falência estatal da Grécia mostra o rumo inexorável do que nos parecia distante por aqui. A Alemanha, que emergiu do caos mais profundo que se possa imaginar após o extermínio da guerra, sinaliza a base de caminho inverso. Nosso caso é mais preventivo. Ressalvadas as condições culturais e étnicas dessa nação, todos os esforços de restauração passaram por duríssimas provações domésticas e coletivas. A regra deflagrada e implacável começou com a total rigidez em todos os segmentos. “Den Riemen Enger Schnallen” (apertem os cintos). Imaginemos isso! Apertar o quê? O povo sangrava por todos os lados, dizimado. Alemães ressurgiram fortes com a força do trabalho, inteligência, sofrimento, e a lição de justiça social.
Vigilância e vigilância
No Brasil a reforma previdenciária impõe-se como projeto de estado. O momento político, depois de eleição presidencial atípica, emplaca nova composição de forças. Panorama confuso. A troca de ataques desviados de horizonte eficiente traz à tona pragmatismos de dois lados extremos. Ora é o conservadorismo versando sobre factóides ideológicos que ativavam insegurança social, ora a oposição perdida em êmulos efêmeros, com sua estrutura partidária aos pedaços. A rota do temporal do desemprego é ameaça real tonitruante. É hora de pensar e agir para prevenir o desastre do marasmo público e privado. Os pensadores, as elites culturais, debatem-se confusas e não conseguem produzir. A fábrica de idéias e conclusões de saber social esbarra na falta de conexão com o que deveria ser o chão de fábrica das ações. A reforma da previdência não será jamais exuberante solução, senão uma tábua de salvação no dilúvio de problemas graves que nos afligem. Mesmo assim, com a temeridade de qualquer que seja a ousadia é necessária a consciência das lideranças. Como diz Jean-Pierre Dupuy “estamos condenados à perpétua vigilância”.
Pacto com o povo
Ninguém espera que os passos da reforma venham agradar a classe trabalhadora. Nem se imagine que a atual estrutura de comando político consagre proposta libertadora. O sacrifício para o segmento majoritário de menor renda é certo. Vai arrochar mais. As rendas superlativas serão intocáveis. A Comissão de Constituição do Congresso já admitiu o trâmite do modelo de capitalização da Previdência. Além de desaprovada em diversos países, a proposta fortalece o poder dos bancos que fariam a tutela dos investimentos. É muito incerto.
Esperança
As categorias públicas salariais privilegiadas manterão irredutíveis posições perante o apelo de arrocho. Preservam o cabo aço nas pilastras de sua fiel intelectualidade fortemente amarrado aos súditos de seus interesses. O dilúvio da necessidade urgente não os arrastará. O resto, só Deus sabe. Assim, resta a esperança aos humildes, ora apreensivos ao pânico das sirenes, sem saber para onde ir. Aos mais suscetíveis diante dos flagelos sociais, não só das inundações, mas da redução de renda, desemprego, e fome - resta convocar os intelectuais para o pacto com o povo, como luz e esperança para uma saída digna, segundo adverte Zygmunt Bauman, em sua obra “Medo Líquido”.
IBGE
A retirada de recursos para pesquisas do IBGE, logo agora que precisamos mais previsibilidade, é incompreensível. O corte atinge 25% do orçamento.
Músico morto
O músico Evaldo Rosa foi metralhado pelo Comando Militar do Leste ao seguir de carro com a família para um chá de bebê. É condenável o erro. Mais ainda, se o ato reflete sintoma que admite naturalizar a morte como solução de segurança!
Mesa Um
Confrades da Mesa Um do Bar Oasis serão recepcionados nesta quinta-feira pelo empresário João Waihrich, considerado o rei do cordeiro.