OPINIÃO

Coleta da Solidariedade

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A Semana Santa se inicia com o “Domingo de Ramos”. Jesus Cristo entra festivamente na cidade de Jerusalém e é aclamado efusivamente por aqueles que tinham acreditado nele. As promessas messiânicas estavam se realizando, um novo modo de compreender e viver a vida tinham aprendido. Entre tantos ensinamentos deixados pelo rei da paz foi incluir na sociedade os marginalizados. Jesus fez isto com palavras incentivando a partilha, a doação e a fraternidade; com gestos da multiplicação dos pães, indo ao encontro de pessoas e grupos considerados impuros, indignos.


A Coleta da Solidariedade é parte integrante da CF - Campanha da Fraternidade. Diz o texto-base: “A Campanha da Fraternidade se expressa concretamente pela oferta de doações em dinheiro na coleta da solidariedade, realizada no Domingo de Ramos. É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, feito em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. (...) O gesto fraterno da oferta tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida”.


É bom ressaltar que é uma coleta. Portanto, não é imposto, nem taxa, nem pagamento. Estes se caracterizam pela obrigatoriedade. A coleta tem a marca da doação. O discernimento sobre o dar e quanto dar recai sobre a consciência do doador. É ele que decidirá sobre a causa e os destinatários da coleta. O apóstolo São Paulo, na segunda carta aos Coríntios, capítulos 8 e 9, motiva os cristãos daquela cidade para fazerem uma coleta para as comunidades de Jerusalém que estavam passando por uma grande necessidade. Assim os motiva: “”Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois “Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9,7).


Os destinatários da Coleta da Solidariedade são as pessoas mais pobres. A coleta não é partilhada para pessoas individuais, em ajudas individuais, mas somente através de projetos comunitários. Quando faço a minha doação, não conheço os beneficiados, mas posso ter a certeza que são pessoas que precisam de ajuda. Aqui valem os ensinamentos de Jesus: que a mão direita não saiba o que fez a esquerda; não dar para ser visto e elogiado pelos outros.


A destinação e o gerenciamento dos recursos doados acontecem da seguinte maneira. Determina o texto-base da CF: “Do total arrecadado pela Coleta da Solidariedade, a Diocese deve enviar 40% ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), gerido pela CNBB. A outra parte 60% permanece nas Dioceses para atender projetos locais, pelos respectivos Fundos Diocesanos de Solidariedade (FDS)”. No Rio Grande do Sul as 18 dioceses resolveram destinar 10% do seu FDS para o Fundo Estadual de Solidariedade (FES). Cada fundo tem um Grupo Gestor e os recursos são liberados mediante projetos que são avaliados dentro dos critérios. Um dos critérios é que os projetos atendam aos objetivos propostos pela CF do respectivo ano. Cada instância publica como e onde são aplicadas as doações.


Um testemunho ilustra a importância da Coleta da Solidariedade. Nos critérios da distribuição do FDS existe o limite máximo de 5 salários, para poder contemplar mais projetos. Lembrando que em 2018 o tema foi “Fraternidade e superação da violência”. Um dos projetos estava relacionado com o presídio de Sarandi. A administradora do projeto disse: “Este pouco que recebemos, parece que se multiplicou, conseguimos fazer mais do que o previsto”. De fato, onde existe partilha acontece a multiplicação do pouco.

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