Quando uma jovem caiu no chão na rampa de uma balada no centro de Passo Fundo, na madrugada de sábado (13), os ânimos se exaltaram. Com a pancada, sua cabeça começou a sangrar, fazendo uma das seguranças, que disse ter curso de primeiros socorros, a pedir que os curiosos acionassem o Serviço de Atendimento de Urgência (Samu) e abrissem espaço para que o ar pudesse chegar à vítima.
A cena foi flagrada pela reportagem que tentou contato com o serviço de urgência. Ao telefone, a ligação foi transferida para um médico, que por duas vezes não atendeu. Sem resposta rápida do serviço, a vítima teve de ser levada a um hospital do município no carro particular de uma mulher, que se identificou como médica no local. A reportagem não conseguiu o nome da vítima nem sua idade.
Questionada na tarde de ontem (16), a secretaria do Estado da Saúde, com sede em Porto Alegre, disse que não poderia comentar o caso específico por não ter os dados pessoais da jovem. Também disse que responderia as demandas da reportagem apenas nesta quarta-feira (17).
“A demora tem a ver com a regulação”
Segundo a secretária de Saúde de Passo Fundo, Carla Beatrice Gonçalves, as ligações ao Samu são encaminhadas a Porto Alegre onde funciona um sistema chamado regulação. Carla explica que é neste primeiro contato em que são informados os dados do caso, para avaliar a necessidade do deslocamento de uma viatura.
“Lá tem uma série de profissionais que fazem a regulação. Eles conversam com a pessoa e, a partir dessa conversa, é que vão definir a necessidade de uma viatura de uma equipe do Samu se deslocar para o local. O que está havendo demora, o que pode haver demora, é quando se liga para o 192 [número do Samu], e precisa passar para os profissionais da regulação”, justifica a secretária.
De acordo com Carla, após esse contato e, diante da necessidade de uma ambulância, um pedido de atendimento é enviado via sistema de smartphone para os profissionais locais que fazem o deslocamento.
Dez profissionais para a cidade
Em Passo Fundo, o Samu conta com apenas dez profissionais para o Samu, que tem apenas duas viaturas. São quatro condutores, cinco técnicos de enfermagem e uma enfermeira, que também é responsável técnica pelo serviço. As equipes trabalham em duplas em plantões de 12 por 36 horas.
Também não há médico no Samu local, mas, de acordo com a secretária, isso não afeta o serviço. “Temos uma equipe de suporte básico no Samu. Mas como temos uma rede de hospitais que consegue rapidamente atender as pessoas, [a equipe] não é muito pequena por que consegue atender as demandas que tem.”
Uma licitação deve ser aberta em breve para a aquisição de uma nova viatura. A secretaria reconheceu que já aconteceu dos dois veículos estarem com problemas e o sistema de saúde ter que deslocar as suas para o atendimento. Um novo local sede também está em estudo.
Apesar da secretária negar problemas devido ao baixo efetivo, informações obtidas pelo O Nacional, a rebatem.
“Toda a demora de atendimento prejudica de alguma forma a vítima até mesmo deixando grandes sequelas ou até mesmo perdendo a mesma”, aponta. Segundo essas informações, a contratação de mais funcionários e a aquisição de mais ambulâncias contornariam o problema, na cidade em que a media de atendimentos é de 10 por dia, pelo serviço.