Índios deixam as reservas em busca de renda extra na Páscoa

Rodrigo e Alice saíram da Reserva de Guarita, na última semana, para comercialziar cestinhas elaboradas de taquara e massos de macela. Na principal via de Passo Fundo, eles negociam o fruto de seu trabalho a preços populares

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Em 15 dias, casal tem a expectativa de comercializar 100 cestinhas. O artesanato é ofertado em cores vibrantes e chama a atenção de quem passa pelo Avenida Brasil Crédito: Em 15 dias, casal tem a expectativa de comercializar 100 cestinhas. O artesanato é ofertado em cores vibrantes e chama a atenção de quem passa pelo Avenida Brasil Crédito:
Em 15 dias, casal tem a expectativa de comercializar 100 cestinhas. O artesanato é ofertado em cores vibrantes e chama a atenção de quem passa pelo Avenida Brasil Crédito:
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Há dias, o casal Rodrigo Pedro, 22, e Alice Camilo, 20, da etnia Kaingang, deixou o local em que vive, no município de Miraguaí (RS) - cerca de 200 km de Passo Fundo -, em busca de público interessado em adqurir seus produtos. Moradores da comunidade de Missão, que integra a Reserva de Guarita, uma das maiores do Noroeste do estado, o jovem casal busca uma renda extra durante as semanas que precedem a Páscoa, época em que se deslocam para a maior cidade da região para comercializarem balaios e maços de macela. Para esta temporada, a cestinha estilizada com as formas de um coelhinho tem sido o grande carro-chefe.

 

- Na Páscoa, a gente faz essa cestinha diferente porque chama mais a atenção das pessoas. Dá pra encher de doce e dar de presente. As crianças adoram - resume Alice.


Na esquina da Avenida Brasil com a 7 de setembro, em frente ao Bella Città Shopping Center, o jovem casal se mantinha em pé ao lado de seus produtos. Em pouco menos de 15 minutos, eles negociaram três maços do chá e duas cestas. Somente no período da manhã, a soma obtida a partir do trabalho informal já havia lhes conferido cerca de R$ 100.


- Gostamos daqui porque passa bastante gente. A maioria que para para olhar acaba comprando. Fizemos cestinhas muito bonitas esse ano", diz Rodrigo, que começou a apostar na atividade aos 15 anos, incentivado por familiares. Segundo ele, os períodos que precedem a realização da Páscoa e do Natal, costumam ser os mais rentáveis para o casal.


Preparação
Com a expectativa de vender todo o artesanato e a macela em um período de 15 dias, Rodrigo e Alice devem retornar a aldeia neste fim de semana. A preparação para enfrentar os dias de trabalho sobre a calçada da principal via de Passo Fundo, entretanto, iniciou ainda em meados de março, quando eles deram largada a produção do artesanato. Na última semana, quando finalizaram a confecção de 100 peças, decidiram que hora de pegar um ônibus e vir a Passo Fundo. Época em que também concluíram a colheita de macela. O chá que alivia problemas gástricos e digestivos, é bastante procurado nesta época e é abundante no local em vivem.


Após 4 horas de viagem, eles desembarcaram na Estação Rodoviária de Passo Fundo. Desde então, estão hospedados em um local próximo, onde também armazenam seus produtos. Pela manhã, assim que os primeiros raios de Sol aparecem no horizonte, eles despertam para mais uma rotina de trabalho. As cestinhas são ofertadas em dois tamanhos. A menor sai por R$ 15 e a maior por R$ 20. O maço da macela custa R$ 5.


Entre uma venda e outra, Rodrigo explica que para confeccionar uma cestinha, além de técnica e habilidade, é necessário dispensar tempo, já que cada item demora, em média, 10 minutos para ser elaborado. O toque final do artefato que consiste em trançar estreitos filetes de taquara fica por conta de tinturas adquiridas em lojas do segmento e que trazem um colorido variado e vibrante ao artesanato.


- Essa época de vendas tem sido muito boa. Ainda não sei quando retornaremos para Passo Fundo novamente. Mas está valendo a pena - comemora Rodrigo, que ainda não calculou o total de dinheiro que deverá obter nesse período. 

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