Em uma época marcada por rápidos avanços em automação e inteligência artificial, uma nova pesquisa avalia os empregos que serão criados e eliminados em diferentes cenários até 2030.
O mundo movido pela tecnologia em que vivemos é repleto de promessas, mas também de desafios. Carros autônomos, máquinas que interpretam raios-X e algoritmos que esclarecem dúvidas dos clientes são manifestações de novas e poderosas formas de automação. No entanto, mesmo que essas tecnologias aumentem a produtividade e melhorem a nossa vida, seu uso tomará o lugar de algumas atividades de trabalho que hoje são realizadas por seres humanos – um fato que vem suscitando muita preocupação.
Tomando por base o relatório de janeiro de 2017 sobre automação, o mais recente estudo do McKinsey Global Institute, Jobs lost, jobs gained: Workforce transitions in a time of automation ), avalia o número e os tipos de empregos que poderão ser criados em diferentes cenários até 2030 e os compara com os postos de trabalho que poderão desaparecer devido à automação.
Os resultados revelam um rico mosaico de possíveis transformações ocupacionais nos próximos anos, com implicações importantes nas habilidades e nos salários dos trabalhadores. Nossa principal conclusão é que, embora possa haver trabalho suficiente para manter todos os empregos até 2030 na maioria dos cenários avaliados, as transições serão extremamente desafiadoras – igualando-se ou até mesmo superando a escala das mudanças na agricultura e na manufatura ocorridas no passado.
O potencial impacto da automação sobre o emprego varia conforme a ocupação e o setor. As profissões mais suscetíveis à automação são aquelas que envolvem atividades físicas em ambientes previsíveis, como operar máquinas e preparar refeições rápidas (fast food). Coletar e processar dados são duas outras categorias de atividades que podem ser realizadas de maneira cada vez melhor e mais rápida por máquinas. Isso pode levar à eliminação de grandes quantidades de mão de obra – por exemplo, em originação de crédito imobiliário, assistência jurídica, contabilidade e processamento de transações de back-office.
Todavia, é importante notar que, mesmo quando algumas tarefas são automatizadas, o número de postos de trabalho nessas ocupações pode não diminuir necessariamente, pois os trabalhadores podem começar a realizar novas tarefas.
A automação terá um efeito menor no caso de empregos que envolvem gestão de pessoas, aplicação de expertise e interações sociais, onde as máquinas ainda não conseguem reproduzir a performance humana.
De modo geral, o trabalho em ambientes imprevisíveis – como o de jardineiros, encanadores ou cuidadores de crianças e idosos – também sofrerá menos automação até 2030, pois essas atividades são tecnicamente difíceis de automatizar e, muitas vezes, pagam salários relativamente baixos, o que torna a automação uma proposta de negócio menos atraente.
As mudanças no crescimento ou declínio ocupacional líquido implicam que, nos próximos anos, um grande número de pessoas poderá ser obrigado a mudar de categoria ocupacional e aprender novas habilidades. É possível que a transformação atinja uma escala jamais vista desde a transição da força de trabalho agrícola no início do século 20 nos Estados Unidos e na Europa, e mais recentemente na China.
Em todo o mundo, entre 400 e 800 milhões de indivíduos poderão perder seus empregos devido à automação e precisarão encontrar novos empregos até 2030, tomando por base nossos cenários de adoção moderada ou adoção rápida da automação. Haverá novos empregos disponíveis de acordo com nossos cenários de demanda futura por mão de obra e com o impacto líquido da automação, conforme descrito na próxima seção.
Todavia, as pessoas terão de descobrir o caminho para chegar até esses novos empregos. Do total de trabalhadores que perderam seus empregos, 75 a 375 milhões talvez precisem mudar de categoria ocupacional e aprender novas habilidades, segundo nossos cenários de adoção moderada ou rápida da automação.