Trabalhadores da Semeato protestaram, na manhã de ontem (23), contra a tentativa de acordo da empresa. Com cartaz que dizia “queremos justiça, acordo não”, o grupo se concentrou em frente ao prédio da Justiça do Trabalho de Passo Fundo. Eles foram atendidos pelo juiz da 3ª Vara do Trabalho, Marcelo Caon Pereira, onde tramitam mais de 700 ações contra a empresa. O magistrado retomou o histórico das vendas dos imóveis e garantiu que a próxima parcela será paga até maio.
O juiz informou que o processo está andando e que, no momento, uma contadora está recalculando a dívida da Semeato com cada credor. “Ela vai nos entregar essa atualização até o dia 30 de abril e tão logo no que nós tivermos o valor atualizado, de cada um de vocês, nós vamos começar a confeccionar os alvarás”, pontuou Pereira. Esses valores, referidos pelo magistrado, dizem respeito à venda da fábrica V e de outros imóveis, que totalizaram em torno de R$ 7 milhões.
O acordo ao qual os trabalhadores se opõem é um plano de parcelamento da dívida que foi apresentado pela empresa em março. Em decorrência da quantidade de credores, o juiz organizou, no mês passado, uma audiência entre advogados para debater a proposta. Após a negativa, ficou acertado que uma comissão de advogados, representando os trabalhadores, negociaria com os procuradores da Semeato. O prazo para apresentação de contraproposta vai até o fim do mês. Um dos pedidos de Marcelo Caon Pereira foi para que o acordo fosse facultativo. O total da dívida da empresa com os trabalhadores ultrapassa os R$ 70 milhões.
Os trabalhadores também demonstraram preocupação em relação à desocupação da fábrica V, cujo prazo encerrava-se ontem (23), conforme informado pela Justiça do Trabalho. O imóvel deveria ser entregue ao comprador nos primeiros meses do ano, mas a empresa pediu uma prorrogação de prazo em virtude da complexidade da mudança. Com o fim do prazo, a justiça pode autorizar uma desocupação forçada. Até à tarde de ontem, não havia manifestação, no processo, do comprador, em relação à desocupação do prédio. A reportagem tentou contato com a empresa, mas não conseguiu.
Venda dos imóveis
Em setembro, a Justiça promoveu o leilão do primeiro lote, com 19 imóveis da empresa. Com a venda dos bens foi arrecadado R$ 2,5 milhões. Em outubro, a 3ª Vara da Justiça do Trabalho de Passo Fundo autorizou um novo processo de venda para os imóveis da empresa. Foram divididos em quatro lotes que incluem a fábrica IV (BR 285), a Fábrica V (Av. Presidente Vargas, Bairro São Cristóvão) e mais alguns terrenos. Para os imóveis que não foram negociados no último processo, ocorreu uma redução dos percentuais de oferta. Em novembro, houve a venda da fábrica cinco, que fica no bairro São Cristóvão, e de outros imóveis de menor valor. Na segunda rodada de venda, a Justiça conseguiu arrecadar R$ 7 milhões. Em dezembro, todos os credores já haviam recebido uma pequena quantia em dinheiro, correspondente à primeira rodada de leilão judicial, realizado ainda em setembro de 2018.