Universo NERD em polvorosa neste final de semana, no cinema e na televisão.
No cinema, a dica é simples: se você tem intenção de ver algum filme que não tenha super-heróis, garimpe bem nos horários dos 3 cinemas da cidade. Em um deles todos os horários pertencem à última aventura do Universo Cinematográfico Marvel, “Os Vingadores – Ultimato”. Nos outros, o filme ocupa a maior parte dos horários ou tem a primazia total de alguma(s) sala(s).
O que acontece em Passo Fundo não é fenômeno isolado, obviamente. O filme da Marvel ocupa 80% das salas de cinema DE TODO O BRASIL. Oitenta por cento. Em todas as salas do país, de cada dez, apenas duas estarão exibindo alguma coisa. E dentre os 80%, tem para todos: dublado, legendado, 2D, 3D.
Se você busca outras opções, não critique a distribuição, somente. O que acontece é reflexo do público consumidor. Há duas semanas, em dia de meio ingresso, fui ver um o novo filme de Jordan Peele e, junto de minha esposa e eu, havia apenas 15 pessoas na sala. Os exibidores não hesitam em tentar lucrar ao máximo com os filmes-evento que atraem multidões, e a culpa não é só deles. Se a ocupação das salas ao longo do ano em outras produções fosse mais constante, talvez a situação fosse diferente – e aí o ciclo se retroalimenta com a ausência de público por conta do alto preço dos ingressos e de tudo que acompanha a experiência: o estacionamento, a pipoca, o lanche, etc, já que os cinemas hoje pertencem aos shoppings e tudo é inflacionado.
O cenário que acompanha a invasão dos heróis hoje, portanto, é um reflexo de uma ciclo que se retroalimenta e promove a velha questão de quem veio primeiro: o público não frequenta os cinemas porque faltam opções e é caro ou faltam opções e é caro porque o público não frequenta e os exibidores precisam tentar recuperar o investimento aumentando o custo?
Posto de lado o cenário de domínio, o filme dos irmãos Russo tem colecionado mais elogios dos fãs do que críticas. Alguns críticos, como o da Folha de São Paulo, detestaram o filme, mas nas justificativas há mais de rancor do que propriamente de análise. Muitos críticos têm apontado o que me parece o mais importante, depois de 22 filmes: encerrar um ciclo com um presente aos fãs que ao longo desses anos depositaram bilhões nas contas da estúdio, elogiando o respeito emocional aos personagens, apesar das gorduras narrativas apontadas. Vou ver o filme no sábado, e na semana que vem posso falar mais dele.
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A segunda despedida está em andamento: o domingo reserva a exibição do terceiro episódio da última temporada de Game of Thrones (serão apenas seis episódios). O marketing em cima deste episódio é alto: será quase uma hora e meia com o que os produtores chamam de “uma das maiores batalhas da história da TV”. É tudo o que os fãs esperavam ouvir. Gosto muito da série, apesar de achar que as últimas temporadas abandonaram o rigor narrativo e certas características dos personagens em nome de um fan service que, por outro lado, ampliou as expectativas do público. Talvez seja mesmo hora de intensificar os acontecimentos e entregar o que o público em geral tem buscado ver. Saciar vontades – assim como aconteceu com os Vingadores. Os puristas podem ficar relaxados porque, na verdade não será o final pensado por George R. Martin. Este final ainda será lançado com os novos livros – e provavelmente quando isso acontecer, o universo de Westeros volte a ser notícia daqui a um ou dois anos.
É tempo, portanto, de fan services. Se isso contraria você, fuja das redes e garimpe opções – algumas delas eu pretendo passar aqui em breve, sobre outros serviços de streaming além da NETFLIX.