Nos últimos sete anos, 25 pessoas morreram em acidentes de trabalho em Passo Fundo. Os números são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho (MPT). O ano em que mais se registrou óbitos foi em 2012, com oito ocorrências. Em 2017 e 2018, o indicador se manteve em dois casos por ano. Nesta quarta (1º de maio) é comemorado o Dia do Trabalhador e no último domingo (28), foi celebrado o Dia Mundial e Nacional de Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho, uma data criada para alertar a sociedade sobre o problema.
Além dos óbitos, foram mais de oito mil registros de acidentes de trabalho em Passo Fundo durante o período. O tipo de lesão mais recorrente foi o corte/laceração, com 2,1 mil ocorrências, seguido das fraturas (1,2 mil), contusão/esmagamento (1,2 mil) e distensão/torção (1 mil). Os setores que mais comunicaram acidentes foram: atividades de atendimento hospitalar (3.288 casos); fabricação de máquinas e equipamentos para a agricultura e pecuária, exceto para irrigação (538); abate de suínos, aves e outros pequenos animais (470); comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados (252); educação superior - graduação e pós-graduação (231 casos); construção de edifícios (208); incorporação de empreendimentos imobiliários (167); transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal e em região metropolitana (166); transporte rodoviário de carga (138); e comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção (114).
Afastamentos
No período também foram registrados 3.338 auxílios-doença por acidentes do trabalho. O impacto previdenciário dos afastamentos da localidade foi de R$ 29,8 milhões, com a perda de 592.591 dias de trabalho. O ano em que mais houve afastamento foi 2012, com 653. De lá para cá, o número vem caindo. Em 2018, o número de auxílios foi de 370.
Acidentes com mortes em Passo Fundo
2012 8
2013 1
2014 3
2015 4
2016 5
2017 2
2018 2
Dados nacionais
O Brasil registra uma morte por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos. Segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, entre 2012 de 2018 foram contabilizados 17.200 falecimentos em razão de algum incidente ou doença relacionados à atividade laboral. No comparativo por anos, houve queda nos registros, com 2.659 casos em 2014; 2.388 em 2015; 2.156 em 2016; 1.992 em 2017; e 2.022 em 2018. Já os acidentes de trabalho são mais frequentes e ocorrem a cada 49 segundos. No mesmo período, foram registrados 4,7 milhões incidentes deste tipo, conforme o Observatório.
Os tipos de lesão mais comuns foram corte e laceração, com 734 mil casos (21%). Em seguida, vêm fraturas, com 610 mil casos (17,5%), contusão e esmagamento, com 547 mil (15,7%), distorção e tensão, com 321 mil (9,2%) e lesão imediata, com 285 mil (8,16%). As áreas mais atingidas foram os dedos (833 mil incidentes), pés (273 mil), mãos (254 mil), joelho (180 mil), partes múltiplas (152 mil) e articulação do tornozelo (135 mil).
As áreas com maior incidência de acidentes de trabalho foram atendimento hospitalar (378 mil), comércio varejista, especialmente supermercados (142 mil), administração pública (119 mil), construção de edifícios (106 mil), transporte de cargas (100 mil) e correio (90 mil). Já no ranking por ocupação, as ocorrências mais frequentes foram as de alimentador de linha de produção (192 mil), técnico de enfermagem (174 mil), faxineiro (109 mil), servente de obras (97 mil) e motorista de caminhão (84 mil).
Entre os homens, os acidentes foram mais frequentes na faixa etária dos 18 aos 24 anos. Já entre as mulheres, no grupo de 30 a 34 anos.
Na distribuição geográfica, os estados com maior ocorrência destes incidentes foram São Paulo (1,3 milhão), Minas Gerais (353 mil), Rio Grande do Sul (278 mil), Rio de Janeiro (271 mil), Paraná (269 mil) e Santa Catarina (185 mil).
Para além dos impactos principais e graves dos danos à vida e à integridade de trabalhadores, os acidentes de trabalho também trazem outras consequências. No período monitorado pelo Observatório, 351 milhões de dias de trabalho foram “perdidos” em razão dos afastamentos. Os gastos estimados neste mesmo intervalo chegaram a mais de R$ 82 bilhões.
Na avaliação do coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, Leonardo Mendonça, o Brasil ainda tem muito o que avançar. Mendonça diz que, a despeito do discurso das empresas considerar a importância da segurança nos locais de trabalho, a preocupação com a produção ainda vem em primeiro lugar.
O procurador argumenta que empregadores devem investir tanto em prevenção como no fornecimento de materiais de segurança. “O ideal é ter um ambiente de trabalho organizado não apenas no sentido de um local limpo, mas saudável, que não seja propenso a adoecimentos”, defendeu, em entrevista á Agência Brasil.
Segundo o procurador, a construção desse ambiente para evitar acidentes e adoecimentos envolve uma preparação do conjunto das empresas, inclusive a formação de seus funcionários e pessoas em postos de chefia. “É preciso fazer capacitações com todos os setores da empresa. Desde o topo até o funcionário de chão de fábrica para que tenha carimbo de que realmente ela se preocupa com saúde”, argumenta.
Em abril, foi lançada a Campanha de Prevenção a Acidentes de Trabalho (Canpat 2019), uma iniciativa conjunta do governo federal, Ministério Público do Trabalho e entidades patronais e de empregadores. O objetivo da iniciativa foi alertar para o problema e estimular empregadores e trabalhadores a construírem ambientes mais saudáveis.