Estudantes e professores do campus passo-fundense do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IFSul) voltaram a se manifestar, nessa quarta-feira, contra o corte de 30% nas verbas destinadas a instituições federais, anunciada pelo Ministério da Educação (MEC). Dessa vez, o protesto aconteceu em frente ao próprio instituto, durante a manhã e o fim da tarde, quando pouco mais de cem alunos, segurando faixas de protesto, interromperam de cinco em cinco minutos o trânsito da perimetral leste. As manifestações vêm acontecendo diariamente desde a última segunda-feira e devem se estender até o dia 15 de maio, data em que um ato nacional está sendo organizado por alunos de universidades e institutos federais de todo o Brasil.
Conforme uma das organizadoras da manifestação, a acadêmica de Ciências da Computação Emanuele Marques, a ação visa mostrar a força da comunidade acadêmica. “Queremos mostrar pelo que estamos lutando e alertar o restante da comunidade sobre os prejuízos desencadeados por um corte tão alto”, defendeu. Ainda segundo a estudante, em Passo Fundo, a manifestação prevista para o dia 15 deverá acontecer no Centro, reunindo alunos de todas as instituições de ensino superior do município. “Estamos nos organizando principalmente junto com a UFFS, mas alunos da IMED e da UPF também têm mostrado interesse em se juntar a nós nessa causa”.
No município, cortes impactam duas instituições
Passo Fundo conta com campus de duas instituições federais de ensino superior: a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que atende cerca de 600 estudantes, e o IFSul, com pouco mais de mil alunos. No caso da UFFS, estruturada em 6 campi na região Sul do Brasil, o corte de 30% representa um déficit de R$ 18 milhões no orçamento. Já para o IFSul, o impacto orçamentário em todos seus 14 campi é de R$ 16 milhões – sendo R$ 1 milhão somente no campus de Passo Fundo.
A redução da verba afeta especialmente os recursos de custeio, que permitem pagar despesas como água, energia elétrica e contratos de terceirização, e os de investimento, destinados à construção e reforma de prédios e a aquisição de equipamentos. Em nota oficial divulgada na última sexta-feira (3), o reitor do IFSul, Flávio Nunes, explicou que o governo federal deixou fora do corte os recursos previstos para a Assistência Estudantil, motivo pelo qual o corte de 30% não foi linear sobre todo o orçamento discricionário do IFSul. “Para que fosse preservado o orçamento previsto para a Assistência Estudantil, os índices bloqueados em custeio e investimento foram maiores”, esclareceu.
Ainda em nota, o reitor disse também que “nessa conjuntura não será possível fecharmos as contas de manutenção do IFSul até o final de 2019, mesmo diante da redução de gastos, que já vem ocorrendo ao longo dos últimos anos de forma significativa em todas as nossas unidades, com enxugamento de despesas, mas sempre tentando evitar ao máximo afetar a qualidade de ensino oferecida por nossa instituição, o que se torna cada vez mais difícil, quase impossível, diante do quadro que passamos a viver com os cortes efetivados”. No IFSul – Campus Passo Fundo, o diretor Alexandre Pitol Boeira garantiu que não há intenção de interromper as aulas, no entanto, teme que a situação se torne delicada a partir do segundo semestre do ano, já que um corte orçamentário tão elevado inviabiliza diversas ações de pesquisa, ensino e extensão e prejudica a manutenção da estrutura.