O combate policialesco à corrupção, num momento que acaba de chegar às elites políticas e grandes empresas envolvidas, ainda é o impulso vivo para aplacar a justa ira no sentimento popular. A Lava Jato não pode ficar presa à figura de Moro. Esta e outras ações de investigação do crime contra o patrimônio público precisam ser revigoradas todos os dias, e que isso se dê o mais independentemente possível dos ódios eleitorais. Lamentavelmente a condenação e prisão de Lula defasou o ímpeto esperado do combate. Há muita sujeira debaixo do tapete a ser varrida. O governo Bolsonaro, que venceu as eleições democráticas parece satisfeito e corre o risco de pouco contribuir para a complementação da tarefa. Está gastando tempo em elucubrações esdrúxulas que não confirmam a esperada efetividade de gestão. O próprio presidente divagou solenemente em equivocadas iniciativas perdendo pulso. Mais recentemente sofre desgaste pelos disparates de seu guru Olavo de Carvalho que ofende pusilânime o prestigiado general Villas Bôas. Ao mesmo tempo o presidente apoia os filhos na maratona ao estilo “chaines de garde”, sempre exigindo alguma explicação do Planalto. Agora anda à cata de um lugar nos Estados Unidos, onde possa receber homenagens sem a contestação de seus críticos internacionais. Coisas de autoridade mesmo que se espera de um presidente, ainda não. Há tempo para resolver isso, mas a credibilidade apregoada rumo ao desenvolvimento social, frente à violência brutal do desemprego no país exige muito mais.
Coaf
A comissão parlamentar que analisa a Medida Provisória sobre a vinculação do Coaf – Conselho de Controle sobre Atividades Financeiras, ao Ministério da Justiça apresentou estranha oposição. Na verdade é o famigerado centrão que fala, e mostra o que quer. Primeiro, a discordância visando afastar do ministro Moro o instrumento de investigação. É óbvio que investigar a corrupção pelo crime organizado depende de informações sobre o dinheiro. As monstruosidades apontadas na operação Zelotes mostram a situação. Os caminhos do dinheiro irregular são também do crime. A fome do ouro é insaciável. Os indícios são de que envolvidos em denúncias preferem o Coaf fora do Ministério da Justiça, em nome do sigilo. Os partidos aproveitam para negociar dois ministérios que serão criados por Bolsonaro. As barganhas continuam; nada de novo. Aliás, tudo de novo!
E a oposição
A opinião pública em geral tem prestado serviço ao governo, como o caso da queda do ministro da Educação. Partidos de oposição colaboraram. Na reforma da Previdência a oposição está fraca. Perde-se entre abraços ao corporativismo. Parece não assimilar investidas temerárias que desconstituem lutas históricas, especialmente a causa trabalhista, a cultura, educação e saúde pública. Os espaços de mídia eletrônica insistem em críticas menores e gastam energia até para contabilizar solecismos nas manifestações dos atuais gestores. A tempestade que seria útil aparece em lugar secundário.
Supremo perdulário
A compra com dinheiro público de produtos requintados, entre lagostas e vinhos de marcas importadas, pelo STF, apresenta-se como afronta ao grave momento que afeta o povo. Talvez surja explicação para isso. É difícil julgar o fato visto como comum pela alta corte judiciária. Bem que diziam os romanos antigos “quod licet Jovi non licet bovi” (o que se permite aos deuses não é permitido aos bois). É legal, mas de caráter perdulário, salvo melhor juízo!
Arrecadação
A queda vertiginosa na arrecadação da União é respondida a cada momento por cortes no orçamente. Na estratégia o governo chama a redução de contingenciamento. Desemprego e queda de salário mata o ciclo econômico e não mantém arrecadação.
Trânsito
Por curiosidade percebe-se que a palavra “arma”, grafada pelo grego antigo, tem o significa de carro. Sem recorrer a qualquer vaticínio, persiste o alerta para o cenário permanentemente perigoso do trânsito. Os números de acidentes são assustadores nas estradas.