Tem semana cheia para quem gosta de cinema em Passo Fundo – principalmente para quem gosta de debater cinema. Pelo sétimo ano, a UPF promove o FAC CineFórum, evento da Faculdade de Artes e Comunicação com apoio do Projeto de Extensão Ponto de Cinema, do curso de Jornalismo. O evento sempre me empolga, mas esse ano ele é especial.
Fui aluno da FAC nos tempos do Circuito de Cinema e Psicanálise, que durou – se a memória não me engana – doze anos. Eram três noites movidas por exibições de filmes e debates envolvendo profissionais da psicanálise, da comunicação, da filosofia e outras áreas do conhecimento, organizado pela FAC e pela Projeto Associação Científica de Psicanálise.
Durante esse tempo, filmes dos mais diversos percorreram o auditório da Odontologia ou do Centro de Eventos, onde ele era realizado, desde clássicos da Nouvelle Vague até filmes mais recentes de autores como Woody Allen (em uma das edições, tive a honra de falar sobre Hiroshima Mon Amour, de Alain Resnais). O evento foi descontinuado, mas a unidade seguiu com uma proposta própria: exibir, durante cinco dias, cinco filmes, cada um ligado a um dos cinco cursos da unidade, seguido de posterior debate.. Se os filmes são o “gatilho” para a discussão, a grande atração para mim sempre foi a discussão posterior. Nenhuma arte tem o alcance e possibilita tantas abordagens quanto o cinema. A ideia sempre foi um mantra que eu gosto de repetir em sala de aula: mais do que assistir a um filme, é preciso aprender a VER um filme. São coisas diferentes.
Nas seis primeiras edições o evento seguiu essa lógica, e em 2019, ele também passa a adotar um tema, a partir de uma sugestão do colegiado do curso de Artes Visuais da FAC. No dia 09, quinta-passada, tivemos a abertura da exposição “Amor que mata – do sonho ao pesadelo do feminicídio no RS”, com curadoria das museólogas Doris Couto e Leila Pedrozo, no Portal das Linguagens, no Campus I. A partir da exposição, o CineFórum irá discutir, em suas cinco noites, não apenas a violência contra a mulher e a impunidade, mas resistência e protagonismo, a aceitação do corpo, a transexualidade, relações de classe. É uma semana dedicada a discutir, a partir de cinco filmes, as representações e temas provocados por filmes que abordam a mulher no cinema.
A semana abre com “ROMA”, de Alfonso Cuárón, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor fotografia, com posterior debate da produtora cultural Rafaela Pavin e com a pedagoga Edivânia Rodrigues da Silva, da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo. Na terça, o tema da impunidade e da violência contra a mulher é discutido a partir da exibição de ‘TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME”, filme que deu o oscar de melhor atriz a Frances McDormand e de ator coadjuvante a Sam Rockwell, com a palavra da coordenadora do Projur Mulher, prof. Josiane Petry Faria, e da publicitária Aline do Carmo, professora da FAC.
Na quarta, dia para discutir a transexualidade a partir da exibição de “A GAROTA DINAMARQUESA” com ajuda da médica e professora Ana Roberta Ceratti e da psicóloga e professora Suraia Ambros. O médico psiquiatra e professor Cláudio Wagner e o professor e publicitário Cléber Nélson Dalbosco discutem, na quinta, “GAROTA, INTERROMPIDA”, que aborda como tema principal o chamado transtorno de personalidade borderline. E o evento encerra na sexta, quando vou debater com ajuda da professora Luciana Crestani “MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA”, blockbuster que insere o protagonismo feminino e a resistência.
O evento é gratuito para quem quiser apenas assistir aos filmes e debates, e acontece todas as noites a partir das 19h30min no Centro de Eventos da UPF. Quem quiser obter certificação pela participação precisa pagar a inscrição na Faculdade de Artes e Comunicação no intervalo e final dos turnos da manhã e noite.