OPINIÃO

Teclando

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Os palavrões

O palavrão pode ser apenas uma palavra enorme, daquelas cheias de letrinhas e de difícil pronúncia. Mas também significa uma palavra grosseira, que soa em tom indelicado aos ouvidos bem-educados. Os palavrões têm grande abrangência, mas não podem ferir algumas normas de decoro. Após uma martelada no dedo o palavrão será espontâneo, aceitável e até terapêutico. Digo mais. Num momento desses o seu uso é indispensável. No futebol, a sua aplicação vem sendo limitada e não pode ser ofensiva. No caso de um pênalti desperdiçado, claro, servirá como um lamento ou válvula de escape. Nas piadas é um bom condimento quando utilizado de forma adequada e no tom certo. Mas quando o riso é atiçado pelo palavrão, então é pura apelação. Numa briga ou discussão parece que os palavrões são compulsórios e carregados de agressividade. São como bolhas da ignorância que sobem da fervura de um desentendimento. Não têm justificativas, porque são expressões desrespeitosas e agressivas. E, diante da disseminação da pólvora, esses palavrões são espoletas que podem matar. Assim, fico estupefato ao ouvir palavrões que vêm da esfera pública, aquilo que seria o andar de cima. Quando homens públicos, aqueles que detêm o poder, influenciam e têm espaço na mídia chegam aos palavrões, isso não significa que transbordariam em convicções. Ao contrário. O palavrão também tem outro significado, pois serve para suprir a falta de argumentos. É quando baixa o nível do debate e a razão é suprida pela ignorância. Ora, esse é um indicativo da falta maturidade para a vida pública. Ou seria apenas (mais uma) apelação?

O guarda-chuva I
Chove ou não chove? Da dúvida, lá vamos nós de guarda-chuva na mão. Às vezes não abre direito ou é difícil para fechar. Em dia de chuva, além de proteger da água que vem de cima, serve como instrumento de equilíbrio para um bailado no desvio das lajotas soltas. Muitas vezes enrosca em similares que andam em sentido contrário ou em mercadorias penduradas sob as marquises. Quando não chove é um estorvo. Quando chove é uma maravilha. Um guarda-chuva pequeno e dobrável é bem mais prático para se transportar. Mas tem algumas desvantagens, pois a área de proteção é bem menor e podemos encharcar as calças e os sapatos. Ou mesmo num descuido irrigar o cofrinho. Já os enormes até podem ser confundidos com guarda-sóis de praia. São um incômodo para entrar num carro, difíceis de transportar e complicados para guardar. Em compensação protegem muito mais e até permitem oferecer uma carona. Grande ou pequeno? A decisão é difícil. Quando carrego um enorme guarda-chuva fico pensando que um portátil seria bem melhor. Já embaixo de uma chuvarada, tenho vontade de jogar fora o pequeno e comprar um enorme. 

O guarda-chuva II
Numa rápida espiada pelo Google, o nosso novo professor de História, soube que o guarda-chuva foi inventado há milênios. Teria origem na China, mas o “professor” não tem muita convicção disso. Também se sabe que no mundo ocidental foi precedido pela sombrinha e, tempos depois, ganhou a sobriedade da cor preta para proteger os homens. Independente do modelo e da origem, o maior problema em relação ao guarda-chuva é o furto. Na semana passada, após o almoço, meu amigo não encontrou o seu protetor no porta-guarda-chuvas do restaurante. Ora, alguém poderia tê-lo levado por engano ou algo assim. Mas, comprovando a má-fé, o larápio deixou no local um pedaço de guarda-chuva. Perder ou esquecer, tudo bem. O difícil é compreender que não foi furtado por alguém que não teria recursos para comprar um guarda-chuva, pois a clientela do local tem um bom poder aquisitivo. Então foi uma ação criminosa, fruto de uma péssima índole mal-educada. Enfim, educar sempre será um guarda-chuva para nos proteger da ignorância e qualificar o meio em que vivemos. 

Comércio
As datas alusivas têm influência direta nas vendas do comércio. Nem por isso podem ser simplesmente taxadas de datas comerciais. Ainda mais o Dia das Mães. Até porque mãe é mãe e estamos conversados. Lembro-me, lá pelo início dos anos 1980, quando o colega Duarzan Bittencourt D'Ávila cuidava da publicidade da Casa Rayon. Ele me convocava para gravar as propagandas alusivas ao Dia das Mães. O fundo musical era sempre o mesmo, com Agnaldo Timóteo “Mamãe, mamãe, és a rainha do lar...”. De lá para cá, os anúncios mudaram muito. Mas o apelo da data continua o mesmo. Não sei em números, mas, pelo que vi nas ruas, as mamães de Passo Fundo ganharam muitos presentes. No sábado, mesmo com uma chuva constante, lojas abertas e muitos clientes com sacolas na mão. Parece que as vendas foram boas. 

Restaurantes
No almoço, o maior movimento do ano nos restaurantes é no Dia das Mães. No jantar, claro, é o Dia dos Namorados. Pois neste ano não foi diferente e no domingo os restaurantes de Passo Fundo estavam lotados. As filas foram inevitáveis e as famílias estavam reunidas. Além de comemorar a data, esse movimento também está associado ao fato de não dar trabalho na cozinha para a mamãe no seu dia. Assim, até mesmo aquelas famílias que não têm o hábito de comer fora de casa, acabam saindo. A homenagem é para as mães, mas a alegria é do pessoal dos restaurantes. 

Trilha sonora
Gilberto Monteiro é mais do que um grande instrumentista. É um grande ser humano com muita genialidade. Aqui, ao lado de Antônio Flores, em sua consagrada: Pra Ti Guria
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