A prefeitura de Passo Fundo irá abrir um novo edital para contratação de profissionais para o Programa Mais Médicos. Esta será a segunda vez no ano em que o município tenta contratar médicos para atuarem na rede pública de saúde. No dia 5 março, outro edital já havia sido lançado prevendo a contratação de 77 médicos. A baixa adesão, no entanto, fez com que o poder público se organizasse em torno de novas admissões.
"Do total de contratações previstas no primeiro edital, cerca de 50 médicos assumiram. Então, temos algumas vagas em aberto e com este segundo edital queremos preenchê-las, pois precisamos suprir a demanda existente em todas as regiões da cidade, minimizando os efeitos dessa carência", cita a secretária municipal de saúde, Carla Gonçalves.
Em relação a dificuldade para preencher o total de vagas ofertadas, Carla observa que há uma grande oferta de trabalho para estes profissionais, o que faz com que eles optem por outros espaços e não a rede pública de saúde. "Além disso, muitos médicos que são desligados do Programa vão fazer residência e buscar qualificação. Esse é outro fator que pode explicar essa situação", complementa a secretária.
Posição do CREMERS
Para Edison Antônio Horn, que é delegado do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS-Passo Fundo), a problemática envolvendo a baixa adesão dos médicos ao sistema público de saúde do município, pode ser explicada pelo salário que é ofertado.
"Muitos dos jovens médicos terminam a faculdade devendo as mensalidades do curso de medicina. Se fizermos as contas, percebemos que o salário inicial oferecido pela prefeitura de Passo Fundo é pouco superior ao valor da mensalidade de um curso de medicina. Então, o que o jovem médico vai ganhar no serviço público mal dará para pagar a sua dívida com a faculdade", pontua Edison.
Para o delegado, a medicina é uma profissão que exige de todos os médicos uma constante atualização, o que representa um custo alto mesmo depois da graduação concluída. "Não é porque o médico já está formado que deixará de estudar. E continuar a estudar implica em custos contínuos com livros, cursos, congressos, etc. Então, o primeiro grande problema para a contratação de médicos para o serviço público é realmente o baixo salário. E as prefeituras do interior estão oferecendo salários maiores do que a prefeitura de Passo Fundo. Médicos procurando trabalho existem em grande número. Certamente, existe uma incompatibilidade entre os ganhos oferecidos e as necessidades dos jovens médicos", reitera Edison.
Novo edital
O novo edital ainda não tem data para ser lançado e, conforme a secretária de saúde, deverá ser semelhante ao anterior. "Os médicos que forem contratados para atuar na atenção básica terão cargas horárias de 20 ou 40 horas semanais; aqueles que irão atuar em outros locais como os CAIS, por exemplo, terão uma carga horária entre 10 e 40 horas, a escolha de cada profissional. Para concorrer, basta ter formação em medicina e apresentar o currículo", explica Carla.
Nesse contexto, a remuneração é de acordo com a carga horária praticada: R$ 3.270,21 (10 horas semanais); R$ 6.540,44 (20 horas semanais); R$ 9.810,63 (30 horas semanais); e R$ 13.080,86 9 (40 horas semanais).