Embora a importância da doação de sangue seja um conhecimento bastante disseminado, poucas pessoas se propõem a dar sua própria contribuição. É o que indica um dado da Organização Mundial da Saúde, que estima que somente 2% da população mundial costuma doar sangue anualmente – o índice ideal seria ter entre 3% a 5%. Para lutar contra essa realidade, na tarde de ontem, professores da rede municipal de ensino se reuniram no auditório da Academia Passofundense de Letras para participarem de um treinamento promovido pelo projeto Doadores do Amanhã. A intenção da iniciativa é estimular professores a organizar em sala de aula atividades lúdicas que sensibilizem futuros jovens doadores. Essas atividades serão registradas e, posteriormente, publicadas em um livro.
Desenvolvido pelo Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), o projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF) ComSaúde, a Secretaria Municipal de Educação e a Academia Passo-Fundense de Letras (APL), o projeto teve início no ano passado, reunindo quatro escolas participantes, que tiveram suas atividades publicadas na obra “Doadores do Amanhã”. Todas as escolas públicas locais receberam exemplares da obra. Neste ano, a proposta permanece a mesma da primeira edição, mas de forma ampliada: ao invés de somente quatro escolas piloto, todas as escolas da rede municipal foram convidadas a participar. Elas devem entregar aos organizadores, até o início de julho, o registro das atividades aplicadas e elaboradas pelos alunos, para que o material seja avaliado por uma comissão composta por membros da APL e, em seguida, organizado em um novo livro.
Conforme uma das organizadoras do projeto e membro da Academia Passo-fundense de Letras, Dilse Corteze, publicar uma obra reunindo as atividades do projeto serve para criar uma espécie de manual, que poderá ser acessado por outras escolas, servindo de inspiração para o desenvolvimento de ações similares no futuro. “No ano passado, fizemos o lançamento do livro na Feira do Livro do município. Neste ano, queremos fazer o lançamento também na Jornada Nacional de Literatura”, adianta. A publicação é viabilizada por meio de recursos cedidos pela iniciativa privada. Dilse explica também que, apesar de os professores receberem algumas orientações relativas ao projeto, eles ficam livres para adaptar as atividades de acordo com a realidade de cada escola. “Eles podem trabalhar com textos, desenhos, dramatização... Tivemos uma escola que fez um teatro interativo, onde simulava todas as etapas de uma doação de sangue. Então, além de ser educativo, é divertido. O projeto tem uma recepção muito positiva, as crianças ficam animadas e, mesmo não sendo doadoras aptas, elas acabam ampliando o alcance das informações porque incentivam a família a doar sangue. Eles têm um discurso incrível”, comenta.
Na percepção da assistente Social do Serviço de Hemoterapia do HSVP, Larissa Andrea Schons, que auxilia na organização do projeto Doadores do Amanhã, “a doação de sangue é um tema de extrema relevância no desenvolvimento da saúde pública. Com o projeto, conseguimos sensibilizar futuros doadores sobre a importância deste gesto e estimular a ser cidadão consciente da sua responsabilidade. É um projeto pelo qual colhemos frutos a curto, médio e a longo prazo, pois as crianças levam a temática da doação de sangue para familiares e amigos e, na medida que tiverem idade para doarem, farão este ato com consciência”.
Lei Municipal
Em dezembro do ano passado, a Câmara de Vereadores aprovou um Projeto de Lei (n° 5395) de autoria do Vereador Saul Spinelli, que institui no âmbito municipal o programa Doadores do Amanhã. A Lei tem como objetivo promover cursos, seminários, palestras e campanhas para os alunos, seus familiares e a comunidade geral, e determina que anualmente, no mês de junho, a grade curricular municipal trabalhe o tema de doação de sangue e medula óssea, como forma de lembrar o Dia Internacional do Doador, celebrado em 14 de junho.