Empresa passo-fundense arremata três unidades da Cesa

O objetivo da armazenadora de grãos e fertilizantes é expandir a atuação para outras regiões do estado. Capacidade de estocagem terá incremento de 100 mil toneladas com os novos imóveis

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Empresário afirma que localização geográfica da unidade de Passo Fundo é um dos obstáculos para a vendaEmpresário afirma que localização geográfica da unidade de Passo Fundo é um dos obstáculos para a venda
Empresário afirma que localização geográfica da unidade de Passo Fundo é um dos obstáculos para a venda
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A Pradozem, empresa passo-fundense de armazenamento de grãos e fertilizantes, arrematou, na terça-feira (21), a terceira unidade da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa). O imóvel é o da filial de Cruz Alta, que ainda está pendente de homologação e demais tramites burocráticos. Com projetos de expansão em sua atuação no interior do Rio Grande do Sul, a prestadora de serviço já havia adquirido, nos últimos meses, as plantas da Cesa de Bagé e Cachoeira do Sul. 

 

A de Bagé já está em operação e a expectativa é começar a atender parceiros na próxima safra de cevada. A capacidade de armazenamento da unidade é de 25 mil toneladas. De acordo com o gerente de produção, Voltaire Girardi, o projeto de ampliação da empresa surgiu a partir de necessidades percebidas nestas regiões. Os parceiros da empresa foram procurados e sinalizaram boas perspectivas de negócios. Com os leilões de venda das unidades da Cesa em andamento, a expansão começou a se concretizar.


A empresa surgiu em Passo Fundo no ano 2000, quando adquiriu a unidade de armazenagem de grãos da então Companhia Cervejaria Brahma. A capacidade de estocagem, à época, era de 20 mil toneladas. A primeira ampliação veio há pouco mais de 10 anos, quando começaram a atuar em Rio Grande, com prestação de serviços para grãos e fertilizantes.


Hoje, a capacidade de estocagem da empresa, nestas duas cidades, é de 600 mil toneladas, entre todos os produtos. A estimativa é aumentar em cerca de 100 mil toneladas a capacidade com a aquisição das três unidades da Cesa. A unidade de Bagé foi arrematada por em torno de R$ 3 milhões, a de Cruz Alta na casa dos R$ 6 milhões e de Cachoeira do Sul também em torno de R$ 6 milhões. Porém, o investimento total da empresa para colocar as plantas em operação é de praticamente o dobro disso, já que as unidades estavam paradas e precisam passar por adaptações.

 

Em processo de extinção
Em processo de extinção, a Cesa vem vendendo suas unidades para quitar dívidas. Em fevereiro, a Secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural divulgou o calendário de leilões. A expectativa da companhia era de arrecadar cerca de R$ 70 milhões, valor estimado a partir do preço mínimo estipulado, com 10 imóveis.


A diminuição da estrutura física da Cesa ocorre desde 2015, com a venda de seis ativos da companhia. A unidade frigorífica de Caxias do Sul quitou mais de 90% da dívida que a Cesa tinha com o BRDE. Já o valor da unidade de Estação serviu como pagamento de passivo trabalhista em ação individual. Os terrenos em Júlio de Castilhos, Nova Prata, Palmeira das Missões e Santa Rosa foram partes integrantes de acordo judicial feito com o Sindicato dos Auxiliares de Administração de Armazéns Gerais do Estado do Rio Grande do Sul, que determinou o abatimento de 60% do valor da causa, baixando de R$ 300 milhões para pouco mais de R$ 117 milhões.

 

Unidade de Passo Fundo
Em relação à unidade de Passo Fundo, a Pradozem não tem interesse em investir. Segundo Girardi, por dois motivos. A localização geográfica da unidade, instalada no centro da cidade, que dificulta o trabalho de recebimento e encaminhamento dos produtos. O segundo é que como já há a matriz em Passo Fundo, não há interesse em colocar uma filial na mesma cidade. O interesse da planta, segundo o gerente, está mais associado ao setor imobiliário do que ao agronegócio.


Além de não haver interesse da empresa, a unidade de Passo Fundo não entrou no lote de leilões da companhia. Isso porque, há um processo de reintegração de posse reivindicando parte da área da unidade, que tramita na Justiça de Passo Fundo. Esse processo foi, inclusive, o responsável pela suspenção da última tentativa de leilão da unidade, na metade de 2018. A venda seria feita pela Justiça do Trabalho porque a unidade de Passo Fundo havia sido acordada entre a companhia e o sindicato, a fim de quitar dívidas trabalhistas.


Devido ao interesse do setor imobiliário e à localização privilegiada do terreno, a Cesa espera arrecadar valores superiores ao preço mínimo de R$ 16 milhões.


Reintegração de posse
No processo de reintegração de posse uma família reivindica parte da área cuja era dona e foi supostamente expulsa na década de 1950, por funcionários ligados à Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Quando a estatal fechou as operações, a área foi permutada para construção da Cesa. Sob a perspectiva da Avenida Brasil, o terreno reivindicado pelos herdeiros do antigo proprietário, de 4,2 mil metros quadrados, compreende toda a frente e um pedaço da lateral da unidade.

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