Pais reivindicam medidas de segurança após ato de violência

Aulas na instituição estão suspensas até que as solicitações sejam atendidas. Ato foi organizado depois que um policial aposentado entrou na instituição, na última sexta-feira, e agrediu um dos estudantes

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Protesto de pais, alunos e professores aconteceu na porta principal do educandárioProtesto de pais, alunos e professores aconteceu na porta principal do educandário
Protesto de pais, alunos e professores aconteceu na porta principal do educandário
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Nem mesmo a chuva na tarde de ontem afugentou a presença de pais, professores e estudantes que se aglomeraram em frente à Escola Estadual de Ensino Fundamental Jerônimo Coelho, no bairro São Cristóvão, solicitando medidas de segurança nas dependências do educandário. O ato foi organizado depois de um episódio de violência registrado na última sexta-feira (17), quando um policial militar aposentado, com a ajuda da esposa, algemou e agrediu um estudante de 16 anos no pátio da instituição. Segundo testemunhas, o homem de 54 anos carregava uma arma de fogo. As aulas na escola estão suspensas e ainda não há previsão de quando serão retomadas.

 

Durante o manifesto, os participantes confeccionaram cartazes com pedidos de paz e entoaram a frase “diretora, você não está sozinha”, em sinal de apoio à diretora da escola, Verlania Serrão. Eles temem que ela sofra ameaças do homem que praticou a agressão ao jovem. Na noite de segunda-feira (20), quase 80 pais já haviam se reunido com a direção da escola, o Conselho Escolar, Conselho de Pais e Mestres (COM), a Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar (Cipave) e a assistência jurídica da 7ª Coordenadoria Geral de Educação (7ª CRE) a fim de debater quais seriam as medidas necessárias para evitar que o problema envolvendo o policial volte a se repetir. As reivindicações foram reunidas em um documento, que foi encaminhado ao Ministério Público (MP). Representantes dos órgãos devem se reunir com o MP nesta segunda-feira para avaliar os pedidos.


Ao todo, cinco medidas estão sendo solicitadas pelos pais: a transferência do jovem agredido, do irmão dele de 12 anos e dos filhos do agressor, que também estudam na escola; a proibição da entrada da comunidade nas dependências do educandário, exceto alunos e funcionários; a utilização de somente um dos portões do espaço (até então, a escola mantinha dois portões abertos durante o dia, sem o controle de quem entrava ou saía); um decreto exigindo que o casal agressor mantenha distância mínima de 200 metros da escola; e a solicitação de um novo funcionário, que deverá atuar como monitor, observando os alunos no pátio e controlando o fluxo de pessoas na escola. Conforme a diretora da Jerônimo Coelho, antes do episódio de agressão, somente um policial militar fazia a vigilância da escola. “Ele fica aqui no portão em duas manhãs e três tardes por semana, porque é essa a carga horária dele. Na sexta-feira, quando aconteceu, ele não estava presente”, explica. Nesta quarta-feira, um tenente da Brigada Militar se juntou ao colega, reforçando a segurança na entrada da escola.


“Nós, professores e funcionários, estamos presentes na escola e havíamos considerado voltar a trabalhar, mas os pais entenderam que ainda não seria propício abrir os portões e retomar as aulas porque, primeiro, eles querem garantias de segurança. Desde que aconteceu a agressão, está todo mundo muito assustado. Então, decidimos aguardar até que essas solicitações sejam atendidas pelos órgãos”, comentou Verlania.


Problema que se arrasta
Conforme a diretora, a situação problemática envolvendo o policial aposentado acontece há cerca de dois anos. Ela conta que, neste período, cerca de cinco boletins de ocorrência já foram registrados contra o acusado por portar uma arma e exibi-la em tom de ameaça. Na sexta-feira, testemunhas relataram que o homem entrou na escola e revistou a mochila do estudante de 16 anos, onde teria encontrado uma chave de fenda e, a partir disso, começado a agredir o jovem. “A família desse policial [aposentado] tem uma rixa com a família do estudante já faz tempo”, cita Verlania, explicando a possível motivação para o ato violento praticado na ocasião.


Conselheiro do Cipave e pai de uma aluna do 8° ano que também estuda na Jerônimo Coelho, Robson Olah diz que o sentimento da comunidade escolar neste momento é de apreensão. “Já tínhamos conhecimento do problema com esse senhor, mas mesmo com boletins de ocorrência nada nunca foi feito. Como ele tem uma arma, o nosso medo é que poderia ter sido muito pior”, lamenta. Em consonância, Valdira Batista, que também faz parte do Cipave, salienta que o pedido de afastamento das famílias envolvidas na briga é para preservar, inclusive, as crianças agredidas e os filhos do agressor. “Queremos o afastamento porque a situação toda deixou as crianças aterrorizados. Há algum tempo, os alunos diziam ter medo de interagir com o filho desse ex-policial, que também estuda aqui, porque se jogassem futebol, por exemplo, e sem querer batessem nessa criança, poderiam ter problemas com o pai dele depois. Se as crianças envolvidas na rixa ficarem aqui, elas ainda vão sofrer bullying. Todos vão lembrar do que aconteceu. O melhor é serem transferidas para outras escolas, onde têm a chance de fazer novas amizades e deixar isso para trás”, opina.

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