No terreno que abriga três residências de uma mesma família, no bairro Victor Issler, o aposentado Segundino da Silva, de 73 anos, apontava para três postes metálicos que brilhavam contra a luz do sol. “Alguns vizinhos disseram que não deve adiantar nada, mas eu acho que funciona, né? Deve ajudar a diminuir a nossa conta”, comentava esperançoso, referindo-se aos aquecedores solares instalados pela RGE. A instalação dos equipamentos é completamente gratuita e vem acontecendo há cerca de duas semanas, na casa de 600 famílias de baixa renda que vivem no município. A ação, que faz parte do Programa de Eficiência Energética da RGE e busca reduzir o consumo de energia dos chuveiros elétricos presentes nas residências selecionadas, ainda será executada em Erechim, Santo Ângelo e Jóia, totalizando um investimento total de R$ 2,2 milhões.
De acordo com a RGE, os aquecedores utilizam o calor do sol para aquecer um fluído, que absorve o calor e, circulando dentro do reservatório de água sem se misturar a ela, ajuda no aquecimento da água para o banho. Devido ao pré-aquecimento desta água, por fim direcionada ao chuveiro da residência, o consumo de energia elétrica é reduzido. Com a ação em 600 residências de Passo Fundo, a RGE prevê uma economia de energia de 473,44 MWh/ano e uma redução de R$ 252,3 mil ao ano para as famílias contempladas. No entanto, como as instalações aconteceram há menos de um mês e os clientes beneficiados ainda não receberam novas faturas da energia elétrica, por enquanto, não é possível observar se a estimativa de economia tem se confirmado. Apesar disso, na casa de Segundino, onde o equipamento já está operando, o aposentado comenta que o funcionamento por si só já tem sido satisfatório. “A água está vindo bem quentinha, uma beleza”, garante.
Conforme o coordenador da iniciativa, Odair Deters, a ideia de trabalhar a ação voltada justamente à substituição de energia dos chuveiros elétricos é por eles serem considerados os principais vilões de consumo nas residências da população. “Eles têm uma representatividade grande de consumo, chegando a uma faixa de 30 a 40%. Imaginamos que a redução desse índice, na conta de uma família que enfrenta dificuldades financeiras e que costuma pagar R$ 100 por mês só de energia, tem um impacto muito significativo. Eles podem deslocar essa renda poupada para pagar alguma outra necessidade”, salienta.
Mapeamento dos beneficiados
Para escolher quais moradores receberiam as placas solares, Odair explica que o Programa de Eficiência Energética da RGE realizou um mapeamento com a ajuda do poder público e rastreou algumas famílias passo-fundenses beneficiadas pela Tarifa Social de Enérgia Elétrica ou que residiam em áreas de vulnerabilidade social. Os bairros Victor Issler, Vila Cruzeiro, Entre Rios, Lucas Araújo e Xangri-la têm sido os principais receptores das placas solares.
Depois da seleção e do cadastro dos potenciais beneficiados, as equipes da RGE realizam ainda uma visita técnica às residências. “Como o aquecedor é composto por um poste metálico, com a placa solar em cima, a gente verifica se o terreno do cliente respeita alguns critérios. Por exemplo, o aquecedor precisa ser instalado a cerca de um metro e meio do banheiro da casa, então tem que ter algum espaço disponível no terreno; a moradia precisa ter condições de receber as partes integrantes do sistema de aquecimento, que ficam acopladas na parede interna do banheiro; e é necessário ter incidência solar no local, sem árvores ou outros objetos que causem sombreamento da placa, porque isso impactaria na eficiência do sistema. Além disso, o cliente precisa se comprometer com os termos de uso, entre eles, garantir que não irá vender o aparelho”, esclarece.
Em fevereiro deste ano, por meio do Programa de Eficiência Energética, a RGE distribuiu também lâmpadas de LED a 1.100 famílias de Passo Fundo. A ação busca substituir lâmpadas menos eficientes pela tecnologia LED na residência de moradores de baixa renda. O investimento nesta ação foi de R$ 79 mil.