OPINIÃO

Para salvar o leite

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A escolha e foco das matérias noticiosas fazem parte de contexto e da missão jornalística. Neste aspecto o assunto da primeira página do Jornal ON (2ª feira), “Justiça condena 24 por fraude”, no escândalo do Leite Compensado, informa o necessário persecutório da pauta com mais de seis anos. Ação criminal analisou denúncias contra 270 acusados. As condenações criminais resultaram em 24 sentenciados ao regime semiaberto. As sanções indenizatórias resultaram em 12 milhões de reais, o que é muito importante. E restam ainda vários processos a serem julgados. Na era das comunicações é imprescindível o relato de responsabilização dos empresários, transportadores de leite e todos quantos atuaram na fraude gravíssima contra a saúde pública. Práticas monstruosas como a fraude do leite, onde várias empresas de beneficiamento foram envolvidas, não podem ficar no esquecimento. Tivemos a oportunidade de acompanhar procedimentos laboratoriais nos órgãos oficiais de fiscalização (ainda em sigilo) que demandaram enorme esforço na elaboração dos laudos técnicos. Foram meses de análise química, com denodo, além da iniciativa firme do Ministério Público e investigadores da policial. Em meio a tanta corrupção na iniciativa privada é de se louvar a seriedade na elaboração científica e jurídica da prova. A matéria aborda efeitos do esforço das autoridades e órgãos técnicos que constatam a sensível redução, praticamente eliminando a crueldade de adulteração na produção do leite e derivados, hoje comercializados no estado. Isso é importante que seja esclarecido à população para restauração ao estágio sadio de rastreabilidade deste alimento essencial. As novas avaliações fiscalizatórias indicam que foram saneados problemas graves no leite que consumimos.

 

Armas ao alto
Não há estudo concludente que comprove êxito da liberação de armas no combate à violência. Nem mesmo se o desarmamento teve satisfatória eficácia no combate ao crime. Na legalização da posse e porte de armas, não se admite descontrole. Ao contrário, a eficiência da ampliação da posse do armamento proposta pelo presidente Bolsonaro, dependerá muito da fiscalização.

 

No campo
Aqui no estado gaúcho, por exemplo, é visto como razoável a liberação de armas defensivas para combater abigeato. A segurança das pequenas e grandes propriedades rurais, pela intransponível dificuldade de policiamento, parece evidente.

 

Ouro de fogo
Em dois aspectos há perigo que pode distorcer o uso de arma na defesa da integridade física e patrimonial. A pressão via políticas públicas do novo governo pode radicalizar o que se propaga na criminalização das ocupações de áreas passíveis de reforma agrária. O movimento dos Sem Terra, ainda que tenha momentos radicais e de ilegalidade, não representa organização terrorista. Em nossa região temos a maioria dos casos dessa movimentação com bons resultados sociais. O segundo aspecto é o custo da aquisição e legalização de arma, que exclui a maioria. Então, que direito sagrado é esse de portar ou possuir arma só acessível a alguns? A indústria de armas, no entanto já conta com a venda de muitas armas e muito lucro. Há gigantesco interesse e dinheiro nisso tudo. O ouro atrai violentamente o poder, e não será diferente o ouro de fogo.

 

Transferência
A simplificação no processo de combate à violência é a terceirização do compromisso inarredável do estado. Parece que a ordem já foi dada: comprem armas e se defendam! E nada mais!


Saneamento
É muito grave o desempenho na área do saneamento no Brasil. De todos os estados, apenas São Paulo apresenta índice razoável de cobertura na coleta de esgoto. O marco regulatório emperrou no Congresso. São três milhões de domicílios em favelas, 95 milhões sem coleta de esgoto e 35 milhões sem água potável. A renda mensal de apenas 234 reais é o sustento de 22% da população. Outro dado perigoso para o presente e futuro: A maioria de adolescentes grávidas pertence a esta faixa de miserabilidade. Essa é a grande imoralidade do país.

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