A criação do jardim e o plantio das mudas foram realizados na tarde desta segunda-feira, dia 3, no Centro Administrativo, por professores, estudantes e funcionários da Instituição
Por meio de muitas mãos, a Universidade de Passo Fundo (UPF) tem agora um jardim agroecológico comunitário. A iniciativa, que começou a ser pensada ainda no final do ano passado de forma coletiva, teve seu início na tarde desta segunda-feira, dia 3 de junho, com a criação do jardim e o plantio das primeiras mudas. O objetivo é que professores, funcionários e estudantes da Instituição tenham acesso a plantas medicinais . A iniciativa foi implantada no pátio interno do Centro Administrativo, no Campus I.
Desenvolvido por meio do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) e do curso de extensão em plantas medicinais, aromáticas e condimentares, a proposta do jardim nasceu de uma conversa informal. Após uma primeira reunião, a iniciativa foi ganhando forma, culminando na atividade desta tarde que contou com o apoio de professores, funcionários, estudantes e intercambistas. Todo o material utilizado no plantio, como o esterco e a palha, além das próprias mudas, foram doados.
De acordo com a coordenadora do NEA, professora Cláudia Petry, os jardins comunitários são um conceito muito utilizado em países desenvolvidos. Em Paris, por exemplo, são mais de 30 jardins criados e cuidados pela própria comunidade. “É a comunidade que faz, que assume, usa e se beneficia do jardim. É uma liberdade você poder colher o chá e fazer na hora. Para se ter uma ideia, isso era o hospital, a farmácia, da Idade Média. Não é voltar no tempo, é voltar a ser o que a gente era. Quando a gente tinha uma autonomia intelectual maior em relação à natureza de se curar e de não adoecer tanto. Esse é o propósito. E como é uma construção coletiva, ela perdura. É um início e a ideia é que a partir daqui as pessoas se animem a fazer em casa também”, destacou a professora.
Mudança de pensamento
Para a reitora da UPF, professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin, a criação do jardim comunitário marca uma mudança de pensamento e de postura que mostra que a Universidade está aberta para pensar e fortalecer práticas dessa natureza. “São práticas histórias, que são milenares, que hoje já convivem com a Universidade de forma muito intensa e que precisam ser exploradas para que elas possam ser mais usadas na vida das pessoas, na vida das comunidades. Porque, de fato, elas fazem toda a diferença em relação à saúde, à qualidade de vida como um todo”, ressaltou Bernadete.
Diversidade medicinal
O jardim da UPF foi criado a partir de uma técnica de permacultura centenária europeia que se chama Hügelkulturm e que, segundo a professora Cláudia, trabalha com a ideia de uma colina. A manutenção é mínima. Só será preciso irrigar o jardim se ficar muito seco. “Esse é um tipo de permacultura em que a natureza tem a enxada, que são as minhocas e os microrganismos. Vai criando terra, vai criando um solo equilibrado e estável e uma estrutura em que ele se auto sustenta. O que não vingar talvez seja porque realmente não era uma planta adequada para essa situação e o que vingar mostra o sucesso da técnica. Por isso que na permacultura a gente diz que você nunca força a barra, você vai deixar apenas as culturas que permanecem, de uma forma mais equilibrada possível, mais sadia. A planta desenvolve os fitoquímicos medicinais ao ar livre, sofrendo”, explicou.
O próximo passo será desenvolver uma lista com todas as espécies disponíveis e com o nome de quem doou a muda. “Todos os funcionários vão ter acesso e aí vão saber que quando quiserem, vão ter determinada planta, que é para uma determinada função”, disse. Entre algumas das mudas plantadas estão hortelã, melissa, cidreira, babosa, ora-pro-nóbis, calêndula e guaco. “A gente está com um prato cheio de diversidade medicinal”, finalizou a professora.