OPINIÃO

Aos jovens

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Fui convidado para debater com outros profissionais para uma plateia de jovens de 15-17 anos sobre temas considerados espinhosos como maioridade penal, aborto, espiritualidade, escolhas profissionais, sexualidade, casamento, valor da família e Brasil como presente e futuro. Em outras palavras, debate espinhoso por si só, principalmente para uma idade em que costumamos ser duais em nossas considerações: certo x errado, corpo x mente, amor x desamor, homossexualidade x heterossexualidade, grêmio x inter, religião x ateísmo, juventude x velhice...Os jovens, que já fomos, costumam ter respostas prontas estilo google, assim como acontece com os motoristas de taxi e cabeleireiros. Éramos assim, as respostas das questões pareciam tão óbvias e “por que é que eles não fazem isso ou aquilo, por que eles não ajeitam essa praça, por que é que deixam os gatunos soltos???”. Sabíamos tudo...somente não tínhamos voz e vez.


Eles, os jovens, têm a pureza e o papo reto, em suma têm o que de melhor tínhamos em matéria de inocência. Mas...o tempo, ah, o tempo passa e vão surgindo o que chamamos de tergiversações ou derivação para encontrarmos soluções politicamente corretas nisso ou aquilo e aprendemos a expressão: não é bem assim, há uma terceira ou quarta vias de pensamento e “voilà”, bem-vindo ao mundo dos adultos, aquele mesmo que deveria ter respostas e que gera mais dúvidas. Nada mais, no mundo adulto, parece ser tão simples assim.


Passei, por exemplo, muitos anos com uma concepção plantada em minha cuca sobre o porque de nós, os velhotes, aproximarem-se da igreja ou outras casas de oração. Diziam: é porque eles têm medo de morrer ou porque buscam na religiosidade a eternidade prometida. Parecia-me uma explicação convincente bem ao gosto da idade que tinha na época. Hoje, mais maduro (quase podre) considero que a madurez clareia a mente e que encontramos ao final da jornada a lucidez sobre a real necessidade da reconciliação com inexplicável que alguns denominam Deus ou o que for que seja. Em outras palavras, vamos mudando e buscando autoconcepções que provavelmente nada influam aos outros porque são ou deveriam ser altamente intimistas.


Dessa forma tentarei ser cuidadoso sem tergiversar o oferecer à plateia o que de melhor pode ser oferecido por um palestrante: a dúvida, a não conclusão, deixar o pensamento livre e aberto ao que virá para cada um deles. O debatedor expõe seus pontos de vistas e respeita, seja o que for, do outro debatedor. Assim é a vida, assim é o respeito e assim se avança num mundo plural onde a verdade, muitas vezes, está além das experiências pessoais dos convidados.

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