É sabido que as matizes partidárias do cenário nacional brasileiro foram desmanteladas na sua natureza de credibilidade pelos escândalos denunciados na Lava Jato. Passaram-se mais de quinhentos anos desde que as piores vilanias instalaram-se sobre nosso território. O próprio grito de independência em 1822 foi momento falso anunciado ao povo, apesar do significado político. O antagonismo perverso da proclamação reinstalava a escravidão e crueldade contra os habitantes menos favorecidos deste imenso país. Sim, os séculos de extrema covardia dos mandantes dentro e fora do governo de nosso país calaram fundo. Criaram uma estrutura que parecia barreira invulnerável de governo e oligarquias, que exploraram escravos e pobres de todo gênero. Foram séculos da violência real e cruenta contra negros e índios. Escravidão é roubar corpo e alma das gerações, matando liberdades. Foi o horror pairando sobre nossa gente! Os abusos praticados vinham chancelados pelo simples assento no poder. A corrupção é isso. Homens chagando ao poder tornando-se vestais do ritual dantesco – a injustiça social. Os mesmos que agiam no crime, explorando o trabalho dos menos favorecidos, roubavam livremente. E fomentavam políticas policialescas contra a plebe ignara. Poder, para esses, era lucrar e combater os crimes nas favelas. Maldita herança escravista. Jamais se cogitava julgar corruptos da elite. A investigação e denúncias via operação Lava Jato, ou semelhantes levou, finalmente, marginais graúdos aos tribunais. Este é o fato histórico essencial. Corruptos do crime organizado sabem que não podem mais simular o sono dos justos. Neste sentido insistimos na mesma tecla há muito tempo: a punição de poderosos envolvidos em escândalos é realidade. É claro que falta muito, muito mesmo para se chagar a alguns focos dessa contaminação continental. A situação, contudo, mudou!
Arbitrariedades
As divulgações da The Intercept (jornal on-line) prometem chumbo grosso. A defesa de Lula, ao que tudo indica, estaria ganhando fôlego, mas não se sabe até quando, ou quanto isso tudo significa na remota pretensão de favorecer o ex-presidente preso. Além disso, uma segunda ou mais condenações tendem a sepultar seu retorno ao convívio social. Usar as versões que podem comprometer a isenção de Moro e Dallagnol, nos julgamentos, é direito da defesa. Por isso é preciso separar o entendimento sobre as apurações em andamento e a operação Lava Jato. Nem a Lava Jato justificaria irregularidades, nem os erros destituem o contexto do combate ao crime de corrupção. Se houve arbitrariedade comprovada, que seja sanada. E o baile continua! Vem aí a investigação sobre o BNDES. Fala-se na tal caixa preta.
Feminicídio
Considerando que é assustador o índice de feminicídios no país, a liberação de armas pretendida pelo presidente Bolsonaro de fato merece maior reflexão, como decidiu o Senado Federal. Num desses debates na câmara alta é importante o que dizem estudiosos no assunto, como a senadora do PSB Leila Barbosa e o senador Valentim Styvenson, do Podemos. A situação da mulher, nos casos de desajuste grave na família, fica mais fragilizada. Normalmente, quem usa arma é o homem. Os dados desse drama cotidiano da violência revelam também o prejuízo irreparável à criança, quando a mulher é oprimida. Arma dentro de casa sem um filtro multidisciplinar pode agravar estatísticas de tragédias.
O Nacional
Os 94 anos do Jornal O Nacional significam a celebração de obra cultural inédita para a cidade e região. A trajetória de relatos e opiniões sobre o cotidiano é testemunho inviolável na caminhada pela revelação da verdade histórica. O jornalismo tem em suas páginas, construídas letra por letra, a mais implacável memória da palpitação de sua gente. É o memento mais fiel e imutável do que se fez, e do que se pensa. É ousadia literária das mais valiosas que as gerações possam preservar. A figura do saudoso Múcio de Castro, consolidador de ON, resume o mérito de muitos profissionais que atuaram e atuam nesta curadoria de comunicação.