Não conseguir escrever o próprio nome e nem sequer compreender uma palavra escrita: para 6.467 passo-fundenses com 15 anos ou mais idade, o analfabetismo os exclui de atividades cotidianas, como fazer operações matemáticas básicas, e exercer a cidadania em períodos eleitorais. Esse índice educacional foi divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e tornada pública na quarta-feira (19).
Os resultados do módulo de Educação revelam que houve melhora em quase todos os indicadores educacionais do país entre os anos de 2016 a 2018, período considerado pelo órgãos federal para a análise dos dados. Segundo o IBGE, o acesso à educação básica, assegurado pela Constituição Federal, cresceu de 45% para 47,4% em dois anos entre a população com 25 anos ou mais. Na faixa etária dos pequenos estudantes de 0 a 3 anos, o índice também se comportou de modo favorável: de 30,4%, o número de crianças matriculadas no maternal subiu para 34,2%. Já entre a faixa etária de 4 a 5 anos, 92,4% estão na pré-escola para iniciar a alfabetização. “O ensino fundamental (6 a 14 anos) e o ensino médio (15 a 17 anos) também avançaram, com taxas de 99,3% e 88,2%”, revelou o estudo. Apesar do saldo positivo em alguns setores, o Brasil ainda possui 11,3 milhões de analfabetos, de acordo com o instituto de investição estatística.
Embora o índice de escolarização entre a população de 6 a 14 anos se mantenha em 97,3% na cidade de Passo Fundo, conforme o último Censo do IBGE, realizado em 2010; 5,3% dos passo-fundenses com 15 ou mais anos de idade são analfabetos, como revelou a pesquisa detalhada por município, estados e federação e confirmada pelo chefe da Agência Regional do IBGE em Passo Fundo, Jorge Bilhar. “O município trabalha em cooperação com o estado no acesso à educação de jovens e adultos, a partir dos 15 anos. De competência do governo municipal, a educação infantil e fundamental apresenta uma defasagem muito baixa, não atingindo 2%”, comentou o secretário municipal de Educação, Edemilson Brandão.
Formar mais leitores na Capital da Literatura
Livrarias encerrando capítulos e fechando portas. Cidadãos que não conseguem ler sobre eles próprios por não serem alfabetizados. O contraditório também permeia a cidade considerada Capital Nacional da Literatura e, na contramão das estatísticas nacionais que apontam 44% dos brasileiros sem o hábito de ler e que 30% nunca comprou uma obra literária, segundo estimativa da pesquisa Retratos da Leitura, essa construção da identidade, aprimorada através da educação e das páginas dos livros, é desenvolvida ainda nas séries iniciais, como na Escola Municipal de Ensino Fundamental Escola do Hoje. A partir do Projeto Ler, estudantes matriculados nas turmas de 1º a 9º ano compartilham a experiência das primeiras histórias há cerca de três anos, como explica a coordenadora da iniciativa, Jaqueline Borges. “A família deixa a leitura em segundo plano. Então, a gente desperta a curiosidade e o gosto pelos livros”, menciona. “A educação deixou de ser prioridade”, avalia a educadora.
Envolvendo cerca de 200 alunos, o estudo de textos literários, adequado às faixas etárias, permeia a ludicidade com a dramatização das narrativas e com as famílias presentes na rotina escolar. “A escola acaba sendo, inclusive, um espaço para a construção de valores”, enfatiza Jaqueline